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Ele me levou pra viajar, conhecer família e do nada, pulou fora!

Soltos S.A.

26/02/2020 04h00

(Foto: iStock)

Recebemos esse relato de Joyce, mas talvez você já tenha passado por algo parecido. Porque sobreviver à solteirice não tá fácil pra ninguém…  Em meio ao mar de papos rasos nos apps, Joyce deu match e mergulhou num romance com Beto, que acelerou de 0 a 100 em 3 semanas — fazendo ela acreditar que a formalização do namoro estava logo na esquina. Pra sua surpresa, na quarta semana, o cara pulou fora com aquela frase clichê: "acho que a gente tá se envolvendo rápido demais". OI?

"Só queria entender por que em 20 dias ele me levou pra búzios 3 vezes, passava em casa terça às 8 da manhã, me apresentou a avó e do nada… achou que não era bem isso!"

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Em tempos de economia de afeto e excesso de histórias interrompidas prematuramente, passar do 3o date ou segurar na mão de alguém passou a ser uma tarefa hercúlea. Depois de alguns anos de pista, a gente quase que se acostuma com mensagens rarefeitas, dates homeopáticos e pessoas pouco disponíveis. Qualquer dinâmica que inclua um pouco mais de constância abre espaço para uma série de leituras de sinais que constrõem as projeções. Mas elas nem sempre se concretizam.

Quais foram os cinco sinais que a Joyce "leu" no seu breve (e intenso) romance com Beto, e que também deixariam qualquer um de nós confusos?

1. 40 mensagens no whatsappp por dia 

Sabe aquelas desculpas clássicas como "tô atolado de trabalho" pra demorar horas até responder as suas mensagens? Nada disso! Eles se comunicavam o dia todo com direitos a muitos emojis e conversas filosóficas. Só que ao contrário de muitos por aí, eles não ficavam só no papinho.

2. Dates mais frequentes que blogueira fitness em academia

Os dois se viam de 5 a 6 dias por semana, incluindo o prime time do fim de semana. Nem nosso chefe a gente vê com tanta frequência… Rolavam encontros presenciais desses fofinhos que a gente ama: cineminha, passeio no parque, tardes de sofá e jantares românticos. É claro que a projeção pintou pra Joyce: No meio da "modernidade líquida" um pouco de constância e rotina já é praticamente um "relacionamento estável" né?

3. Beijo em público às 8 da manhã

Além de andarem de mãos dadas na praça da cidade, Beto ainda a surpreendia em encontros dignos de cenas de filme: encontrava ela voltando da academia às 8 da manhã e lascava um beijo no meio da rua. Se hoje em dia tá difícil a gente beijar alguém estando produzida, perfumada, divando na balada, imagina ganhar beijos a luz do dia, suada, em plena terça-feira… Diz se não dá pra pensar que esse é alguém que se encanta com sua real beleza? (Porque haja amor pra vencer o sudorese…)

4. Três viagens ao estilo um amor e uma cabana

Como se não bastassem os encontros constantes na cidade, essa relação relâmpago já começou com viagens românticas: Depois de duas semanas do match, veio o primeiro fim de semana na pousadinha com direito a muita conchinha. Em um mês foram três viagens! Conviver 72hs na sequência e dividir o mesmo banheiro é ou não é sinal de que tá rolando intimidade? Na última viagem os funcionários da pousada já estavam chamando os pombinhos de marido e mulher, e nenhum dos dois desmentiu. (Jura que não entendeu porque ela projetou?)

5. Almoço de domingo com a família e os amigues

Os programas do recém casal incluíram alguns churrascos e cervejas com a turma da escola de Beto e até um almoço de família na casa da vó Odete. Qual foi a última pessoa que você apresentou pra família? Com certeza não foi alguém que você não queria nada com nada… Em tempos onde os crushes não postam nem foto no stories com você, ser apresentada como seu "+ um" para as pessoas que conhecem ele desde os 10 anos de idade parece que significa. Por mais que a gente esteja em 2020 ser apresentada para os íntimos já dispara pensamentos de que a mudança de status nas redes sociais está cada vez mais próxima. 

Só que sinais, são apenas sinais

Na expectativa de confirmar suas projeções, Joyce puxou um papo com Beto para saber "em que pé eles estavam". Foi surpreendida pelo combo "tô com o coração fechado e acho que a gente tá se envolvendo rápido demais". Rolou uma conversa franca e um ponto final.

"Mas se foi você quem acelerou cara pálida, como vem me dizer agora que as coisas fora rápido demais?"

Quando a história morreu prematuramente, Joyce passou repetidamente por três movimentos: se culpar, culpar o outro e fazer a detetive e procurar onde a coisa desandou. Resultado: ressaca sentimental.

Tirando as minhocas da sua cabeça

Após algum tempo vivendo e estudando a solteirice, a gente vem aqui pra ajudar a Joyce (e você leitora) a lidar melhor com essa ressaca.

Não foi porque você foi intensa demais

A gente precisa desconstruir o clichê de que o joguinho é a única estratégia para fazer o outro se interessar por você. Brené Brown tá aí com o TED hit sobre "o poder da vulnerabilidade". É maravilhoso conhecer as pessoas a fundo e estar inteira com elas, mesmo que a história dure pouco. Pelo menos ela foi significativa e provavelmente as duas partes sairão transformadas. Se permita afetar e ser afetado pelo outro sem medo.

Não foi de caso pensado

Não, os homens não são seres frios e calculistas. Desapega da narrativa da novela. Na verdade tem muita gente querendo pagar pra ver no que vai dar e isso não deveria ser lido como um gesto de maldade e sim como uma tentativa de entrega e encontro. Já entrevistamos um homem doido pra se envolver, que se joga de cabeça mas nem sempre se apaixona. Beto estava gostando da Joyce e estava apostando na história mas…  

Simplesmente não rolou

Infelizmente química e paixão não se explicam. Quantas vezes a gente já saiu com pessoas maravilhosas que por algum motivo não mexeram com a gente o suficiente a ponto de querermos investir em um namoro? E não é culpa de ninguém. É chato mas faz parte do jogo. E a gente tem que saber perder, chorar um pouquinho e voltar pra pista – resiliência né?

E pra fechar, dois convites para a boa convivência solta

  • Carinho não é pedido de namoro: Muitas vezes a gente lê cafunés e gestos de afeto como garantia de que a história vai passar para "a próxima fase". Afeto significa que a pessoa gosta de você (o que é ótimo), não que ela quer uma relação com você. São duas coisas diferentes que nem sempre andam juntas, infelizmente.
  • Responsabilidade afetiva nunca é demais: Desistiu? Mudou de idéia? Repensou? Não tem problema nenhum. Mas mesmo em uma relação casual e rápida, existem sentimentos e expectativas envolvidas. Uma boa conversa, mesmo que seja pra colocar um ponto final, não faz mal a ninguém. 

Sobre os autores

Piranhas românticas, André e Carol são experts em solteirice e partidários do afeto mesmo nas relações casuais. Carol está solteira há 6 anos e já não troca a aula de hot yoga por um date mais ou menos. André está solto monogâmico mas já se esbaldou muito na vida de contatinhos. Publicitários e roteiristas, trabalham com comportamento e conteúdo há anos e decidiram se aprofundar no tema que é assunto da manicure à terapia: como se relacionar hoje em dia. Comunicadores, puxam assunto até com o poste e são formados como psicólogos de boteco. Há um ano eles conversam com todo tipo de solteiros e especialistas no soltos s.a. um canal de youtube, instagram e, agora blog, pra explorar as dores e delícias dessa vida solta. Ninguém entende de solteirice como eles: já foram convidados pra falar na Casa TPM, na GNT e no podcasts Mamilos e Sexoterapia (aqui em Universa).

Sobre o blog

Um espaço para trocar estratégias para sobreviver à solteirice e aos relacionamentos em tempos de likes. Quando vale ter uma DR e quando podemos deixar morrer no silêncio? O que significa esse emoji? Assistir stories significa? Experts em solteirice e ótimos psicólogos de boteco, André e Carol compartilham dilemas reais de solteiros e mapeiam possíveis caminhos para não perder a sanidade mental nessa era de contatinhos.