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Achei uma camisinha usada na lixeira do crush. E agora?

Soltos S.A.

25/03/2020 04h00

Hoje vamos contar um dilema amoroso causado pela falta de definições que recebemos de um solto, mas que talvez você já tenha vivido. 

"Conheci um carinha via aplicativo e logo de primeira o sexo foi ótimo. No começo a gente se via de vez em quando, mas a coisa foi esquentando e passamos a nos ver com mais frequência. Tínhamos momentos românticos com jantinhas em casa, papos profundos, que sempre terminavam em sexo e conchinha. E fui gostando cada vez mais dele…" 

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A famigerada área cinzenta

A verdade é que tá difícil achar uma boa conexão e conchinha hoje em dia. Então quando esse alinhamento de planetas se dá, é natural que a gente se anime e queira mais. Afinal de contas, tem coisa melhor que esse frio na barriga? Ai como as coisas tão gostosas, a gente vai seguindo o romance, torcendo pra intensidade aumentar mas jamais puxando . 

Só que 98,3% das relações atuais estão nesse limbo de indefinição, que não é branco nem preto. Não tem nome, não tem regras, é aquele "a gente tá saindo"…. (alguém se identifica?). E como ninguém quer se arriscar a puxar a famosa DR com medo de pesar e a outra parte pular fora, vamos lendo os sinais do crush pra tentar adivinhar em que estágio da relação estamos. Essa é a fonte de grande parte das histórias que recebemos no inbox do Soltos S.A. todos os dias. Aí baixa o Chico Buarque e "a gente vai levando essa chama" pra ver aonde vai dar, mesmo sem saber o que a gente tem com o crush. 

Fertilizante de expectativas

"Eu estava internamente amando, porém com a minha expectativa sendo controlada, mas sem dar bandeira. Mas, uma noite, ele chegou a falar sobre um possível futuro nosso. Veio perguntar como como eu levaria minha profissão caso a gente ficasse junto. "

Aí também é sacanagem! Nosso solto tava conseguindo administrar a projeção, mas vem o crush e joga esse fertilizante de expectativas… assim não tem combo meditação-análise-rivrotril que vença! É engraçado por que os crushes evitam fazer planos pro fim de semana seguinte mas soltam essas frases de projeção à médio prazo pra encher nossos corações de esperança com coisas do tipo Você já decidiu seu ano novo? Você gostaria de morar aqui? Você já pensou em quantos filhos quer ter? Não dá pra fazer essas perguntas pra alguém que você tá saindo achar que a pessoa não vai criar toda uma fantasia. Em tempos de linguagem de sinais, perguntar sobre o futuro juntos é quase um pedido de namoro (rs). E quanto mais nos envolvemos, mais projetamos e mais medo temos de nos frustrar. E foi o que aconteceu com nosso solto.

O que os olhos não vêem…

"Aí, nessa mesma noite que surgiu esse assunto do futuro, a gente transou e eu saí antes dele do chuveiro. Chegando no quarto, olho pro chão e vejo um pacote de camisinha usado e não era o nosso. Eu fiquei com uma sensação tão pesada dentro de mim, me sentindo mais um! Não sei como proceder"

Por mais que a gente saiba que enquanto não tem nada definido, o nosso crush pode estar saindo com mais alguém, a verdade é que ver com nossos próprios olhos dói (e muito!). Aqui foi uma camisinha usada,  mas já teve casos de flagrar uma mensagem apitando no celular ou mesmo encontrar por acaso o crush na balada com outrx! Em todos esses casos a gente se sente igual: um lixo, trouxa, mais um – ou a junção de tudo isso. É inevitável se sentir traído, mesmo que tecnicamente isso não seja uma traição. Pensando aqui, talvez a gente se sinta traído por nossas próprias expectativas. Mas a questão é, nesse momento, como proceder? Óbviamente não existe resposta certa, e nós dois (André e Carol) reagiríamos de formas diferentes. Quisemos colocar aqui dois dois muitos caminhos possíveis, pra ajudar nosso solto, e vários leitores que já passaram ou passarão por essa saia justa, a pensarem que independente da escolha, ela é sempre uma opção. 

A) Sumir (e chorar sozinho no chuveiro)

Eu, André, sou escorpiano e acho muito difícil conseguir lidar com esse sentimento, pelo menos em um primeiro momento. Eu fico destruído por dentro, mas fingindo plenitude por fora e sumo na bomba de fumaça pra sofrer sozinho em casa. Claro que não é a atitude mais madura, mas já conhecendo minha cabeça perturbada e com imaginação fértil (alô ciúmes!), dificilmente vou conseguir confiar depois. E assim, posso ter perdido muitas oportunidades de histórias incríveis, mas a verdade é que, não sei se por orgulho ou auto amor, prefiro o certo (acabar) pelo incerto (tentar consertar).

B) Aproveitar pra colocar os pingos nos "i"s

Eu, Carol, acho que enquanto não há nada definido, cada um tem o direito de dar suas passeadas por ai. É claro que saber que o crush saiu com alguém é chato, machuca e também ia me fazer chorar no banheiro. Mas não acho que seja motivo pra um término por justa causa. Acho inclusive que este pode ser o gancho para buscar as tão sonhadas definições da relação (que estávamos doidas pra conversar sobre, mas morrendo de medo de puxar o assunto).Como falamos no início, nessa área cinzenta ninguém quer cobrar ninguém. Com esse flagra, o assunto tá pronto pra vir à tona. Nada de barraco, gritaria ou cobranças. A camisinha no lixo levanta a bola pra gente falar "olha, eu sei que a gente não tem nada definido, não tem exclusividade e que eu não posso te cobrar nada. Mas ver a camisinha mexeu comigo. Tô gostando de você e adoraria que a gente pudesse ficar juntos nós dois. Se não for assim, acho que não tá legal pra mim". É um tudo ou nada e dá medo do outro espirrar, mas também é uma forma da gente colocar nosso amor próprio e nos darmos valor. Afinal de contas, quem disse que só a gente tem que seguir as regras do jogo do crush?

Essas são apenas duas das opções possíveis. Tem gente que vai se fazer de desentendido, fingir demência e amargar o silêncio com um pouco de gastrite; tem aqueles que vão querer dar o troco e esfregar um peguete na cara do crush; tem os CSIs que vão querer desvendar o DNA do peguete do seu peguete…. Independente do caminho escolhido, achamos que o que vale pensar é: o que vai te fazer bem? Quais são os seus limites e quais são as suas condições?

É duro viver em tempos de área cinzenta! Temos sempre que estar preparados pra pequenas "surpresas", mas elas fazem parte do jogo e não precisam significar rompimentos. A gente morre de medo de DRs mas algumas conversas, quando bem colocadas, podem esclarecer muita coisa e tornar as relações mais gostosas (ou nos impulsionar a sair delas por que percebemos que elas não trazem o que a gente precisa). Tem gente que defende que única forma de não se frustrar é não criar expectativas, mas será que vale a pena sair com alguém e não sentir esse frio na barriga? Somos criadores do movimento piranhas-românticas: pegue e se pague mesmo! Acreditamos que sempre é melhor pagar pra ver, sabendo dos riscos envolvidos. Essa é a tão falada, vulnerabilidade. Afinal, como já diziam nossos avós: quem não arrisca, não petisca!

Sobre os autores

Piranhas românticas, André e Carol são experts em solteirice e partidários do afeto mesmo nas relações casuais. Carol está solteira há 6 anos e já não troca a aula de hot yoga por um date mais ou menos. André está solto monogâmico mas já se esbaldou muito na vida de contatinhos. Publicitários e roteiristas, trabalham com comportamento e conteúdo há anos e decidiram se aprofundar no tema que é assunto da manicure à terapia: como se relacionar hoje em dia. Comunicadores, puxam assunto até com o poste e são formados como psicólogos de boteco. Há um ano eles conversam com todo tipo de solteiros e especialistas no soltos s.a. um canal de youtube, instagram e, agora blog, pra explorar as dores e delícias dessa vida solta. Ninguém entende de solteirice como eles: já foram convidados pra falar na Casa TPM, na GNT e no podcasts Mamilos e Sexoterapia (aqui em Universa).

Sobre o blog

Um espaço para trocar estratégias para sobreviver à solteirice e aos relacionamentos em tempos de likes. Quando vale ter uma DR e quando podemos deixar morrer no silêncio? O que significa esse emoji? Assistir stories significa? Experts em solteirice e ótimos psicólogos de boteco, André e Carol compartilham dilemas reais de solteiros e mapeiam possíveis caminhos para não perder a sanidade mental nessa era de contatinhos.