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Me envolvi com um cara casado, mas achei que comigo ia ser diferente

Soltos S.A.

08/06/2020 04h00

dedos simulando casal e amante

Fonte: Freepik

Eu sei que essa história não é louvável, não tenho orgulho dela, mas muita gente (inclusive Marília Mendonça) que já saiu ou se envolveu com alguém comprometido. Se você já entrou em algum app de relacionamentos, com certeza já esbarrou com o típico perfil "casado procuro sigilo", a tradicional hipocrisia brasileira né? Segundo a diva e sexóloga Ana Canosa, pesquisas demonstram que 70% dos homens e 40% das mulheres já traíram e a fatia das mulheres que traem cresce ano a ano. Ou seja, se você já saiu com alguém casado, não está sozinho. 

Mas voltando à minha história, eu, André, me envolvi com um homem casado pensando de início que seria só um sexo casual, e saí (anos depois) ferido, machucado e com a autoestima no pé dessa relação que ficou sempre naquele "daqui a pouco as coisas vão mudar". Por isso, vim aqui pra te dizer: casado? Foge, amiga! Alerta roubada vermelho piscando! E se você está ou já esteve nesse papel de amante, aqui vão cinco coisas que aprendi nessa roubada. 

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1. Não existe lugar seguro

Sei que sair com alguém casado é totalmente errado, mas o terceiro nunca sabe exatamente qual o acordo do casal. Isso de alguma forma nos deixa mais protegidos moralmente por sermos amantes, já que quem prometeu fidelidade foi ele e não eu. E aqui um adendo que entre casais gays, a relação aberta é mais comum. Então no início eu pensei, "Por que não? Deve ser o acordo deles"…Mas de fato isso é só um jeito de não se sentir tão mal, porque você sabe que você tá fazendo algo totalmente errado.

Mas, como naquele momento eu não queria absolutamente nada com nada com ninguém, achei que sair com alguém casado fosse um lugar seguro onde eu não iria criar expectativas – afinal de contas a impossibilidade estava dada de cara. Tolinho eu, achando que a vida fosse tão simples… A química me desestabilizou logo no primeiro encontro e foi só então que descobri ao mesmo tempo que o casamento dele não era aberto e que a gente não controla o coração. Ali me despedi da sanidade mental, que só voltou dali a dois anos.

2. Afeto machuca mais que sexo

Uma coisa é você transar com alguém casado. Outra coisa é você se envolver com alguém casado. Ambas são péssimas e não aconselho a ninguém. Criar um laço de afeto com alguém casado é um sofrimento enorme pra ambas as partes. Pro casado, a ansiedade que a dualidade de uma relação paralela provoca é insuportável: sempre estar preocupado com o outro; o medo de dar bandeira e um sentimento de culpa enorme. Já o amante sofre por que vive se encaixando na agenda do outro, projetando como seria de fato estar ao lado do amado sem se esconder, sentindo uma mistura de saudades e culpa de estar causando problemas a uma relação. Mas o principal efeito negativo é na autoestima: você se sente inferior, afinal porque ele nunca te assume se diz que te ama? É o que Marília canta "E o preço que eu pago, é nunca ser amada de verdade". E quanto mais tempo você fica nessa, mais lixo você se sente.

3. O daqui a pouco nunca chega

Eu não escolhi me apaixonar, mas escolhi me manter nessa situação. É claro que o traidor bota lenha na fogueira com juras e promessas de que logo teria coragem de se separar e poderíamos viver plenamente o nosso amor. Aqui rola uma "Síndrome de Call Center":  depois de esperar 20 minutos no telefone você pensa "não é possível, vou esperar só mais um minuto que já vão me atender"… e o que acontece? Cai a ligação e você quer quebrar o telefone! Foi o que aconteceu comigo, só que ao invés de 20 minutos, foram 2 anos. E nesse processo a gente faz vista grossa com desculpas como :não é fácil terminar um casamento, tem que ter paciência, há mais pessoas envolvidas na decisão… Tudo pra não ver o óbvio: que ele quer um amante e não um novo marido. 

4. Na maior parte das vezes, o que fala mais alto é gosto pelo proibido 

Talvez seja um resquício de histórias de amor que lemos ou vimos nos cinemas, mas parece que temos esse complexo de Romeu e Julieta, onde o proibido tem um gostinho a mais. Quase um romance adolescente quando os beijos escondidos dos pais estavam recheados de suor, saliva e adrenalina. Não acho que quem trai, trai sempre. Mas há casos de pessoas que têm a traição como valor e amam essa sensação de perigo. Essas pessoas nunca vão te tirar a da posição de amante, porque é isso que elas querem, essa relação proibida. E se você quer de fato uma relação real, melhor pular fora. 

5. Você vai ter sair dessa sozinho

No meu caso, eu percebi que as promessas de separação nunca iriam se realizar quando ele me contou que o marido mencionou meu nome (até hoje não sei se ele sabia de mim) e o traidor não teve coragem de puxar o assunto. Ali caiu uma ficha interna gigantesca e doeu muito. Foi o desmoronamento de um castelo! Nesse momento há uma dor enorme de você se perceber como idiota, iludido e de realizar que você vai ter que jogar todas as projeções no lixo. Foi quando dei um basta na situação. Mas pode ser que você entre nessa e não tenha nenhum evento desses, esse é o maior perigo. Então saiba, que vai doer, vai ser difícil, mas vai ser você que vai ter que pular fora sozinho. E vai ter que lutar pra resistir à vontade de voltar. 

Depois de tanto tempo nessa situação, a minha autoestima tava no pé, o que só dificultou as coisas. Mas passada essa experiência o que eu posso te dizer é: não entre nessa roubada e se entrar, junte suas forças, lembre das minhas palavras e pule fora! Pra além do julgamento ético, ser amante não é saudável nem digno pra ninguém. É igual dirigir bêbado, as chances de você se ferrar são enormes, então simplesmente escute os amigos nesse momento e entregue as chaves pra alguém em sã consciência. A bebedeira vai passar, vai rolar uma dor de cabeça mas quando ela passar você vai estar pronto pra outra. 

Se você quer saber como sobreviver à solteirice em tempos de likes, segue a gente no YouTube e no Instagram. Toda semana a gente entrevista solteiros, especialistas e divide nossos aprendizados e teorias. Mande histórias e dilemas que a gente transforma em pauta!

Sobre os autores

Piranhas românticas, André e Carol são experts em solteirice e partidários do afeto mesmo nas relações casuais. Carol está solteira há 6 anos e já não troca a aula de hot yoga por um date mais ou menos. André está solto monogâmico mas já se esbaldou muito na vida de contatinhos. Publicitários e roteiristas, trabalham com comportamento e conteúdo há anos e decidiram se aprofundar no tema que é assunto da manicure à terapia: como se relacionar hoje em dia. Comunicadores, puxam assunto até com o poste e são formados como psicólogos de boteco. Há um ano eles conversam com todo tipo de solteiros e especialistas no soltos s.a. um canal de youtube, instagram e, agora blog, pra explorar as dores e delícias dessa vida solta. Ninguém entende de solteirice como eles: já foram convidados pra falar na Casa TPM, na GNT e no podcasts Mamilos e Sexoterapia (aqui em Universa).

Sobre o blog

Um espaço para trocar estratégias para sobreviver à solteirice e aos relacionamentos em tempos de likes. Quando vale ter uma DR e quando podemos deixar morrer no silêncio? O que significa esse emoji? Assistir stories significa? Experts em solteirice e ótimos psicólogos de boteco, André e Carol compartilham dilemas reais de solteiros e mapeiam possíveis caminhos para não perder a sanidade mental nessa era de contatinhos.