Presente de aniversário para Marília: deixem a rainha da sofrência sofrer
Marília Mendonça completa 25 anos hoje (feliz aniversário, rainha!) e o que eu mais desejo para ela é que a deixem em paz. Afinal, na mesma semana em que a cantora Maiara teve que fazer uma live aos prantos, pedindo para as mulheres pararem de atacá-la por conta do final de seu relacionamento com o cantor Fernando (da dupla com Sorocaba), Marília precisou também se abrir nas redes clamando por algo que deveria ser básico: respeito e empatia. Marília terminou um relacionamento com o pai de seu filho e sofreu não só com piadas infames e críticas femininas, como com os famigerados tabloides que ainda buscam cliques às custas de histórias inventadas povoadas de intrigas, falsidade e traição.
Me pego aqui pensando: este período de quarentena supostamente não deveria estar fazendo as pessoas reverem seus valores, serem mais humanas, sensíveis e altruístas? Ou vamos mesmo passar por todo esse caos mundial e continuar urubuzando a vida alheia com uma espécie de prazer mórbido pelo fracasso amoroso dos outros? Assim como Nina Lemos, me questiono: cadê a sororidade feminina na prática? Inundar o feed do Instagram com fotos P&B como "parte de uma corrente de exaltação das mulheres" é lindo, mas se usarmos a mesma internet para nos atacarmos… tá tudo errado.
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Por que a mulher é sempre a louca ciumenta?
As notícias dos tais tabloides sobre a separação da cantora traziam o clichê do barraco de novela: ela teria pego o celular do namorado, encontrado mensagens com outras mulheres e tido um ataque de ciúmes. As matérias pintavam Marília como uma mulher extremamente ciumenta, descontroladamente apaixonada e, assim, culpada pelo fim da relação.
Falamos sobre isso no término de Luisa Sonza e Whinderson, mas pelo visto é preciso repetir: nem toda separação segue roteiros de melodrama. Por que a traição é sempre o primeiro motivo caçado em todos os términos? Por que as pessoas ainda têm que vir a público falar "olha, não teve traição, terminamos de forma respeitosa". O amor às vezes acaba, as pessoas têm sonhos diferentes, a vida leva a gente pra outros lados… Pense nos seus últimos relacionamentos: tantos motivos que levam ao fim e a gente ainda reduz a história dos outros ao traído e traidor. Algumas histórias de amor simplesmente acabam, e já passou da hora de pararmos de fazer a tal "caça às bruxas" em busca de culpados.
Além disso penso que toda vez que a gente pinta a mulher como essa personagem louca e ciumenta estamos não só invalidando o sofrimento dela, como também reforçando um imaginário de que as mulheres são sempre as coitadas que serão traídas por homens malvados. É como se achar esse enredo nos casais públicos justificasse a sofrência anônima caso a gente venha a viver uma história assim também. Como se pensássemos "ah, aconteceu comigo mas Marília Mendonça também achou mensagens no celular do namorado…". Em vez de querer o barraco na vida da outra pra amenizar os nossos, por que não desejar relações diferentes pra nós e pra elas?
Cada um lida com o término como pode. Essas coisas doem, lembra?
Logo após o término, Marília apagou as fotos do ex de suas redes sociais e parou de segui-lo. Fizemos uma pesquisa com a base dos soltos e 75% das pessoas também tendem a apagar as fotos e dar unfollow nos ex. Isso por que a gente sabe que às vezes precisamos de um tempo de respiro, de uma distância pra poder processar o término, curar as feridas e seguir em frente. Mas, mesmo que seja muito claro quando rola na nossa vida, quando o caso acontece com famosos, mais uma vez a atitude da moça é julgada como indícios de barraco e rancor.
"Dói ficar vendo a pessoa o tempo inteiro. Isso porque as pessoas têm sentimentos. Existe sentimento por trás de um relacionamento, não é brincadeira não, tá?"
É triste pensar que Marília tenha que se justificar pela atitude e tenha que pedir respeito num momento de sensibilidade e sofrimento.
"Tenham um pouco de dignidade pra respeitar duas pessoas que estão machucadas porque terminaram um relacionamento" pediu Marília. Reforço o pedido da cantora. Que Marília, nossa rainha da sofrência, tenha o direito de sofrer em paz. E que a gente pare de procurar na vida dela as mesmas tramas das letras das músicas ou dos filmes melodramáticos. Afinal de contas, quem lucra com a tristeza de um casal?
Se você quer saber como sobreviver à solteirice em tempos de likes, segue a gente no YouTube e no Instagram. Toda semana a gente entrevista solteiros, especialistas e divide nossos aprendizados e teorias. Mande histórias e dilemas que a gente transforma em pauta!
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