Topo

Soltos

Bateu a carência? O que fazer e o que não fazer

Soltos S.A.

23/03/2020 04h00

Em tempos de isolamento é inevitável que a solidão e a carência já tenham batido à sua porta. A privação do contato social muitas vezes faz a gente mergulhar nas próprias piras, medos e paranóias e, para muitos solteiros (assim como nós), rola aquele aperto no peito e a sensação de "ai… como queria alguém pra fazer uma conchinha e maratonar uma série comigo". 

Há duas semanas perguntamos pra nossa base de solteiros no instagram "onde aperta o calo da solteirice" e uma das respostas que mais recebemos foi : a carência tá bombando.Os principais gatilhos para se sentir com o coração apertado são os clássicos: 

  • dias cinzas e chuvosos (passou o carnaval, é ladeira abaixo)  
  • momentos onde de repente todos os seus amigos começam a namorar, ficam noivos ou engravidam e você se vê o último solteiro do grupo; 
  • quando você leva um bolo ou um pé na bunda de um contatinho (mesmo daqueles que você não tava tão envolvido…) , a típica ressaca pós rejeição
  • quando você percebe que sua vida amorosa tá tão parada que você não tem ninguém pra mandar um "oi sumido" e reativar na carência
  • e claro, no dia dos namorados, quando seu feed fica inundado de fotos de casais esfregando a felicidade conjugal na sua cara

Se já tava rolando tudo isso antes da quarentena, imagina agora! 

Veja Também

AFETO TÁ MAIS DIFÍCIL DE ACHAR QUE ÁLCOOL EM GEL

Segundo a psicologia, a carência é a ausência continuada de afeto. Quem tá na pista há um tempo sente isso na pele: tá faltando afeto no casual. Os papos no app de paquera andam cada vez mais rasos – é uma chuva de crush porteiro que fica semanas no "oi, bom dia, boa noite". Perguntas sem noção e grosserias se multiplicam nas conversas de whatsapp – parece que só por que as pessoas não estão cara a cara, vale tudo. Sem contar os sumiços e bloqueios sem aviso prévio, que se tornaram a nova forma de terminar relações evitando as famosas, e muitas vezes necessárias, DRs. E apesar de sermos o povo dos beijos e abraços (enquanto ainda podíamos fazer isso), uma pesquisa recente do Ibope mostrou que 28% da população brasileira diz não ter recebido carinho na vida, enquanto 21% afirma jamais ter dado carinho a qualquer outra pessoa. Não é à toa que o calo tá apertando né?

OI CARÊNCIA, ADEUS CRITÉRIOS

O problema da carência é que a gente começa a achar que realmente "é impossível ser feliz sozinho" e que o outro é nossa tábua de salvação. E, nessas horas, as chances do sarrafo ir lá embaixo e você tomar atitudes que vai se arrepender depois são enormes. (Quem nunca?) Por isso a gente listou aqui algumas furadas clássicas para se evitar em casos de carência (imprime e cola no vidro do banheiro por que esses próximos dias essas próximas semanas ou meses vão ser críticos)

  1. NÃO REATIVA O EX – Aqui vale pra ex contatinho, ex peguete, ex crush… A história já deu errado, você já tava superando e de repente decide mandar aquela mensagem "lembrei de você" como quem não quer nada. Pra que? Se você levou o pé na bunda, tá jogando seu amor próprio no lixo e voltando pra uma dinâmica que você sabe que não deu certo. E não, as coisas não vão mudar…  Se você deu o pé na bunda, tá faltando responsabilidade afetiva – o crush vai achar que tem esperanças, você vai sumir quando a carência passar, você vai mudar de idéia e vai ser ser o crush lixo que sempre criticou. Pense no coleguinha
  2. NÃO TOPA O PINTO AMIGO DE QUEM VOCÊ QUER CONCHINHA – Sabe aquela pessoa que você super se envolveu, queria apresentar pra avó e fazer planos de férias juntos mas ela te disse que só queria sexo? Não liga pra ela!! Se fazer de moderno, desapegado e bem-resolvido fingindo que topa o "pegar sem se apegar" com gente que você queria grude só vai te fazer sentir mais usado (ainda que você tenha se colocado nessa). Sempre dá pra gente se resolver sozinho ou buscar um P.A. de verdade (daqueles que a gente não cria expectativas).
  3. NÃO SAI COM O BONZINHO QUE NÃO DÁ FRIO NA BARRIGA – Sabe aquele crush que você nunca foi muito a fim, mas vive te chamando pra sair? Aquele que você já saiu uma ou duas vezes, já beijou (vai que o sapo vira príncipe né?) e não rolou nenhum frio na barriga. Não saia ou se reconecte com ele! Na carência bate a vontade de dar mais uma chance pra ser bem tratada, elogiada, mas a verdade é que vai chegar a hora do beijo de novo e nada … O pior é ter que olhar os casais apaixonados em volta no bar e se sentir ainda pior porque enquanto vários ali terão noites quentes de paixão, você não consegue parar de pensar que estaria melhor no seu sofá assistindo qualquer filme do Bradley Cooper.
  4. NÃO SAI METRALHANDO CORAÇÃO NO APP – É na carência que a gente reinstala todos os apps de date e sai dando like pra todo mundo só pra aumentar o número de matches e se sentir mais desejado. Aí você começa um monte de conversas e, dois dias depois quando a poeira baixar você vai perceber que deu match com um monte de gente nada a ver e mais uma vez você vai ser o crush lixo que some na nuvem de fumaça! 
  5. NÃO PROJETA O CASAMENTO NO 1o DATE – Saiu com a pessoa uma vez e já tá pensando na casa de campo que vocês vão morar quando forem idosos? Alerta do combo carência e projeção. É claro que tem gente que bate uma conexão rápida, mas se você nem sabe nada da vida do crush e já acha que é  A PESSOA DA VIDA, vai com calma! A projeção acaba gerando um peso e uma ansiedade para histórias que estão começando e invariavelmente esse excesso de expectativas faz as coisas desandarem. Vai curtindo um dia de cada vez e desapega da ideia de que aquela pessoa é a última bolacha do pacote

A DURA REALIDADE E AS SOLUÇÕES PRA LIDAR COM A CARÊNCIA

A verdade é que na carência a gente passa por cima de um monte de coisas que são importantes pra gente, só pra estar com alguém. Você se reconecta com pessoas que não deveria em busca de afeto, carinho e conchinha e o que elas te dão? Nada. Repetindo; NADA! E o pior é, você já sabia que ia dar com os burros n'água, mesmo assim foi e isso gera um efeito rebote terrível. As relações que começamos na carência não nos preenchem, não vão pra frente e a gente se sente ainda mais sozinho.

A carência esconde nosso enorme medo do vazio existencial e nos mostra como somos incapazes de lidar com a própria solidão. Mas a dura realidade é: o vazio e a solidão estarão sempre aí e nós teremos que aprender a lidar com eles. Esses tempos de quarentena tem jogado isso na nossa cara, né? Agora não dá mais pra lotar a agenda com trabalho, ginástica, encontro com amigos, dates, cinemas e afins… Mas dá pra gente aprender a lidar com essa sensação de uma forma menos penosa e com menos efeitos colaterais

É claro que todo mundo precisa de afeto mas o importante é perceber que esse afeto não precisa vir exclusivamente do par amoroso. Por que não cultivar e valorizar o carinho dos amigos, da família, do seu cachorro e até de si mesmo? Somos partidários do movimento #autodate e cuidar de si mesmo e se colocar no colo é um exercício maravilhoso que pode entrar na rotina (em especial agora nos momentos de isolamento). Tome um banho quente gostoso, assista um filme que te deixa feliz, faça uma lista elogiando suas qualidades. Pequenas ações feitas com constância têm um impacto incrível! Tá precisando de um colo? Ligue pra aquele amigo que você não fala há tempos, converse com seu porteiro, faça um facetime com a sua avó. E nessas conversas se permita falar que as coisas não tão legais. Acredite que não tá legal pra muita gente também. Quando a gente é vulnerável, mais a gente convida o outro a ser também, e isso gera conexões muito mais interessantes do que os dates mais ou menos que você pensou em reativar.

 

Se você quer saber como sobreviver à solteirice em tempos de likes para além dos dias de folia, segue a gente no youtube e no instagram. Toda semana a gente entrevista solteiros, especialistas e divide nossos aprendizados e teorias. Segunda e quarta estamos por aqui! Manda histórias, questões, dilemas que a gente transforma em pauta!… 

Sobre os autores

Piranhas românticas, André e Carol são experts em solteirice e partidários do afeto mesmo nas relações casuais. Carol está solteira há 6 anos e já não troca a aula de hot yoga por um date mais ou menos. André está solto monogâmico mas já se esbaldou muito na vida de contatinhos. Publicitários e roteiristas, trabalham com comportamento e conteúdo há anos e decidiram se aprofundar no tema que é assunto da manicure à terapia: como se relacionar hoje em dia. Comunicadores, puxam assunto até com o poste e são formados como psicólogos de boteco. Há um ano eles conversam com todo tipo de solteiros e especialistas no soltos s.a. um canal de youtube, instagram e, agora blog, pra explorar as dores e delícias dessa vida solta. Ninguém entende de solteirice como eles: já foram convidados pra falar na Casa TPM, na GNT e no podcasts Mamilos e Sexoterapia (aqui em Universa).

Sobre o blog

Um espaço para trocar estratégias para sobreviver à solteirice e aos relacionamentos em tempos de likes. Quando vale ter uma DR e quando podemos deixar morrer no silêncio? O que significa esse emoji? Assistir stories significa? Experts em solteirice e ótimos psicólogos de boteco, André e Carol compartilham dilemas reais de solteiros e mapeiam possíveis caminhos para não perder a sanidade mental nessa era de contatinhos.