E quando acabar a quarentena: vai rolar micareta ou romancinho?
Não é novidade que a quarentena colocou a vida amorosa dos solteiros na geladeira. Segundo pesquisa do app Inner Circle 64% reclama que o isolamento teve negativo em seus romances e 85% tem tido muito menos interação mesmo que virtual com possiveis paqueras. Mas como vai ser a solteirice quando a gente sair do confinamento? Pode ser que as preocupações com a nossa saúde e do próximo nos ensine cuidar mais uns dos outros e que a gente reveja nossas atitudes depois de tanto tempo sozinhos. Como também pode ser que a vontade acumulada durante meses misturada à constatação de que nada sabemos sobre o dia de amanhã nos deixe ainda mais desfocados e a gente saia atirando pra todo lado! Não temos como prever nem quanto tempo vai durar a quarentena, mas quando ela acabar, vai rolar um novo normal? Dentro do Soltos S.A. temos duas vontades diferentes quando ela acabar: Carol quer mais romance e foco nessa vida; André vai sair descarrilhado assim que abrirem as porteiras. Em qual time você está?
Nada de furar a quarentena
O primeiro fato é: ninguém deveria estar tendo dates durante a quarentena. Se apertar a mão de alguém já representa um perigo, misturar salivas é um risco exponencial. Ou seja, enquanto a quarentena durar, só dates virtuais!
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Carol – time romancinho
A minha torcida pelo romance pós isolamento vem de uma junção de dois lados meus: a Carol hipocondríaca e a idealista. Meu lado hipocondríaca pensa que se já dá medo de se contaminar no botão do elevador, imagina trocando saliva e afagos? Arriscar a própria saúde por encontros de "uma noite e nada mais" me parece fazer cada vez menos sentido. Já que é pra se abrir pro contato (e pro risco), que seja por um encontro mais significativo, com chances de continuidade. Além disso, sair com várias pessoas ao mesmo tempo é ampliar os riscos de contágio numa lógica de progressão geométrica: não só a gente se arrisca mais, como também coloca em risco todas as pessoas com quem estamos saindo pois podemos passar o vírus do contatinho 2 para o contatinho 8… Já que estamos mais preocupados com a saúde da humanidade, não seria a fidelidade uma forma de prevenção? É só aplicar a lógica das IST's (Infecções Sexualmente Transmissíveis), quanto menos parceiros tivermos, menores as chances de nos contaminarmos.
Somado a isso, meu lado idealista espera que esse período de isolamento tenha feito a gente repensar o valor das conexões. Por aqui rolou um detox físico e emocional. Percebi que dá pra viver com menos estímulos e mais qualidade. Mais do que nunca tenho valorizado as relações que trazem entrega, presença e vulnerabilidade. Carnaval é uma delícia mas é tudo tão fulgaz… quando parece que tudo pode acabar amanhã, dá mais vontade de construir vínculos fortes. Espero que as pessoas também queiram construir essa intimidade e se abram ao romance e a noites sequenciais de conchinha, bom sexo e bom papo.
André – time micareta
Eu André sou mais cético em relação às mudanças em como as pessoas se relacionam. Em relação à lógica das ISTs, a pegadinha é que fidelidade sexual não garante um risco tão menor assim já que dá pra se contaminar pegando uma batata frita no supermercado. E visto o crescimento absurdo das ISTs no Brasil (mesmo com tantos métodos de prevenção), não dá pra ter muitas esperanças que os crushes vão se preocupar com a saúde do coleguinha.
Fizemos uma pesquisa no Soltos S.A. e 63% dos solteiros disse que quando a quarentena acabar, vai rolar um segundo carnaval. Eu, André, me incluo nesse time. De fato me bateu uma vontade de nunca mais desperdiçar nenhuma mísera oportunidade de me divertir na "vida real". Acho ótimo que depois dos 30 a gente não precise sair toda sexta pra balada e possa passar a noite vendo séries e acordar cedo pra tomar um brunch. Mas agora percebo que o que eu gosto mesmo é de sair, dançar (como é bom se acabar na pista), de paquerar olho no olho, beijar antes de saber o nome, apertar bem forte meus amigos… até da fila do banheiro da boate eu sinto saudades! Mais que nunca valorizo o carnaval e as aglomerações. (Ainda bem que esse ano aproveitei).
Não quero que o Corona me prive da vida loka e da micareta, como a epidemia de AIDS nos anos 80 ameaçou acabar com a vida noturna gay. Sou do time #piranharomânticas e não tenho vergonha disso. Espero que a vacina ou a tal da imunidade de rebanho chegue o mais rápido possível pra poder voltar pros contatinhos e noitadas de sempre. Assim que falarem "tá liberado", eu vou estar lá na fila da primeira festa ou boate que passar na minha frente, pronto pra beijar até o poste! Depois de um tempo de recaída, talvez volte a pensar no romance…
Há luz no fim do túnel
Um efeito concreto do isolamento é que todos tivemos que aprender a ficar sozinhos. Algumas pessoas podem rever suas escolhas passadas e pensar que se tivessem dedicado mais tempo e energia a seus últimos crushes, talvez não estivessem passando a quarentena de forma tão solitária. Outros, mais carentes (desses que sempre precisam de alguém pra se sentirem felizes), talvez depois desse tempo de detox percebam que afinal de contas não é tão ruim assim ficar sozinho. Em ambos os casos, talvez a quarentena mexa com as nossas escolhas de quem a gente quer ter por perto.
Isso é algo que ambos concordamos. Beijando um por vez ou não, achamos que vamos sair mais vulneráveis e mais maduros desse período. Entendendo que o que vale mesmo é se jogar de cabeça na vida e não ficar fazendo joguinhos eternos.
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