3 motivos pra você não mudar quando começar a namorar
Vim aqui pra te dizer uma coisa: não vale a pena mudar nada em você quando você entra em uma relação. E como eu sei isso? Porque sempre fiz isso e sempre tive o mesmo resultado: frustração, cobranças e óbvio, um maravilhoso pé na bunda. E calma, antes que você me diga que é natural que hajam negociações e concessões dentro de uma relação, eu te digo que não estou falando de escolher em conjunto a série da Netflix que o casal vai ver, mas mudanças que a gente faz voluntariamente achando que vão agradar o outro e que acabam tendo efeito oposto ou gerando efeitos colaterais indesejados .
Solto porém passional
Eu sou solto raíz: amo a minha individualidade, não fico triste sozinho, estou sempre com amigos e amo sair. Mas, basta me apaixonar, que a coisa muda de figura. Não é à toa que a origem da palavra paixão é pathos, que em grego significa doença (lembra das patologias?). Sim, a nossa cabeça fica dodói e a gente fica obcecado pelo nosso objeto do desejo. Ou seja, todos os nossos neurônios trabalham em conjunto elaborando quais gestos e palavras vão satisfazer o mozão. E nisso, cadê aquela pessoa maravilhosa que vivia a vida solta? Ganhou umas férias compulsórias em Cabo Frio e só volta quando chegar o inevitável fim (cheirinho de dupla personalidade…). Você também tem isso?
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1. Sua versão solteira já é bem legal
Belos, recatados e do lar. Não sei de onde tiramos isso, mas parece que existe uma regra de etiqueta tácita para namoro. Casais fazem tudo junto, mandam 947 whatsapps por dia, são comedidos, têm uma vida mais calma, não saem pra balada – uma espécie de test-drive da família de comercial de margarina. E nisso, adeus amigos, festas e excessos. (Sim, acho que excessos em pequenas doses são necessários pra uma vida equilibrada – um pouco de droga, um pouco de salada). Mas parece que o casal é "menos sério" se frequenta "ambientes de solteiros". Alerta moralismo! E olha que não tô falando de relacionamento aberto não, mas de desopilar de vez em quando. Acaba que a vida a dois nesses moldes fica sem cores fortes, tudo meio tons pastéis.
Não é à toa que 73% dos nossos seguidores disseram que preferem a sua versão solteira que a casada. E por mais que eu saiba que estar em uma relação não é vestir as pantufas e jogar buraco, de alguma forma eu entro nesse papel de namorado porque talvez eu ache que o outro espera isso de mim. Resultado: no começo você nem repara porque tá apaixonado e não tem nenhum critério, mas assim que o fogo dá uma baixada, você começa a achar sua vida chata e esquisita e não sabe bem porque… e óbvio que esse incômodo resvala na relação.
2. Ficar grudado o tempo todo não é sinal de amor
Outra coisa que também já aconteceu muito comigo é querer estar sempre disponível e me moldar à rotina do outro, achando que isso é o que vai manter ele interessado em mim. Ledo engano… Depois de ouvir muitos psicanalistas, entendi que sem falta não há desejo. Se colocar sempre disponível e não deixar o outro sozinho é a receita certa pra matar o desejo. Em outras palavras: se você come o tempo todo, nunca vai ter fome. E pra ficar ao lado do outro sempre, eu acabava fazendo um bando de programa mico e depois isso virava ressentimento ou cobrança. Então vale a pena esse esforço esperando algo em troca? A gente precisa cultivar esses espaços de individualidade, não ficar grudado o tempo todo e saber que isso não é menos amor.
3. O outro se apaixonou por você, do jeitinho que você é
Já viu aquela amiga que virou vegana quando namorou o ativista social e agora que conheceu um boy sertanejo não sai da churrascaria e vive falando de Barretos? Sem ser tão extremo, eu sempre fiz isso quando começo a namorar. É claro que me fascina entrar no mundo da outra pessoa, afinal de contas falamos tanto em vulnerabilidade, mas tem um limite do saudável. Eu acabo que vou deixando minhas coisinhas de lado porque me interesso pelo mundo do outro e de repente eu estou vivendo a vida dele. E isso pode ser um grande tiro no pé, porque se ele gostou de mim justamente porque eu era o André de antes, que fazia yoga quinta a noite e passava muito tempo com minha avó, quem disse que ele vai gostar desse novo André, que é um espelho dele?
Vem aí o movimento Soltos Monogâmicos
Não tô aqui falando que você tem que continuar vivendo a sua vida exatamente como ela era, porque em uma relação as coisas tem que se encaixar. Tô chamado atenção pra esses papéis que a gente entra sem perceber, achando que é isso que vai agradar o outro ou porque relacionamento "é assim mesmo"… E que no fundo fazem todo mundo achar a vida a dois morna. Será que não dá pra inventar um novo EU namorador? Um solto monogâmico, que negocia acordos a cada relação e não perde sua essência? Nesse momento que estamos repensando o mundo, vale a pena repensar as relações e saber separar as expectativas sociais sobre nós e o que de fato a gente gosta. Quem sabe você também não se descobre uma solta monogâmica!
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