Quarentena e o boom de pés na bunda - DR ninguém quer né?
Soltos S.A.
30/03/2020 04h00
Viver em dias de quarentena e isolamento não está sendo fácil pra ninguém. A China registrou um recorde de pedidos de divórcio após o período de confinamento. Aparentemente a convivência intensa acelerou atritos e questionamentos sobre a própria vida, fazendo com que muitos chineses preferissem recomeçar a vida à um, após esse período de caos emocional.
Aqui no Brasil, vivendo o confinamento há pouco mais de quinze dias, quem já sente os efeitos devastadores da pandemia nas relações amorosas é um outro grupo: OS SOLTEIROS.
Pois é, recebemos uma chuva de mensagens no inbox do Soltos S.A contando sobre pés-na-bunda levados logo nos primeiros dias de isolamento social. E o pior, à distância! Como se já não fosse suficiente termos que lidar com o fato de estarmos sozinhos, carentes, sem saber cozinhar e muitas vezes sem emprego, agora muitos solteiros ainda estão tendo que encarar este pacote também sem seus rolinhos, crushes, peguetes e afins.
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DR NINGUÉM QUER NÉ?
É interessante pensar que esses términos acontecem exatamente no momento onde ter a famosa DR cara a cara está oficialmente proibido pela OMS. Ou seja, terminar por mensagem de whatsapp, email ou áudio deixa de ser uma falta de sensibilidade e passa a ser uma conduta de saúde. Desculpa perfeita para os muitos solteiros medrosos ou autocentrados, que adoram sumir na nuvem de fumaça e preferem seguir a vida sem ter que se explicar muito, terminem seus rolos sem o custo de ter que se explicar e, principalmente, sem ter que ouvir o coleguinha.
MAS TERMINAR O QUE MESMO, QUERIDX?
A maioria dos solteiros que escreveu pra gente tava na nossa famosa área cinzenta. Aquelas relações enroladas, onde rola troca de carinho, de fluidos, mas ninguém pode cobrar nada de ninguém. Não parece esse o cenário ideal para um solteiro em confinamento? Por que não vai dar pra conhecer gente nova mesmo e nossa agenda obviamente não será tentada por shows incríveis, noitadas com as amigas ou viagens de aventura no fim de semana. A carência vai bater, fato! Então por que não deixar rolar mais um pouquinho com aquele crush que você já sabe que tem o papo bom; aquele outro com quem você já trocou nudes interessantes (e poderia muito bem se aventurar na webcam) ou mesmo aquele peguete engraçado, que sabe te fazer rir como ninguém e poderia te poupar de ter que recorrer ao vinho ou ao ansiolítico pra segurar a onda numa das muitas sextas-feiras à noite que teremos que encarar solos?
Listamos aqui alguns comportamentos que podem ter despertado essa vontade súbita de terminar as tais relações enroladas (provavelmente você vai se identificar com alguma delas e, caso tenha levado um pé na bunda virtual, vai entender que seu ex-peguete não foi de todo crápula).
1.PREGUIÇA DA MANUTENÇÃO
Para muitos solteiros, ter um contatinho na quarentena é viver todo o ônus e nenhum bônus da relação a dois. Isso porque vocês não são íntimos o suficiente para se proporem a passar a quarentena juntos no puro clima 9 semanas e meia de amor. Então só resta a opção de que encarar sabe lá quantas semanas separados, só no papinho virtual. Mais do que isso, manter um rolo em épocas de isolamento significa topar fazer facetimes eternos (por que é difícil dar uma desculpa para ter que desligar… você vai estar em casa com pouca coisa pra fazer mesmo). Nesse pacote você corre o sério risco de virar terapeuta do seu casinho – ele provavelmente vai ter dias de ataque de nervos e vai querer chorar copiosamente no seu colo digital.
Com mais tempo para o papo, corre o risco também de receber uma chuva de perguntas saia-justa sobre sua vida que se transformam numa espécie de acariação do seu passado: Como foram seus últimos términos? Qual a sua relação com seu pai? Ou por que você postou uma foto com o Alexandre Frota em 1998? Todo esse ônus, sem o bônus dos amassos, carinhos, conchinhas.
2. A SÍNDROME DO AVIÃO CAINDO E O DETOX EMOCIONAL
Sabe aqueles momentos em que você pensa que sua vida pode acabar num piscar de olhos e começa a se questionar que c@&a!#o você está fazendo com ela? Pois é, tem gente que tá se sentindo nessa avião prestes a cair. A verdade é que a gente acaba deixando alguns casinhos no automático. Ou por que é cômodo, ou por que infla nosso ego, ou por que é gostosinho… mas na hora da turbulência não dá mais pra viver no automático. Rola uma urgência de colocar a máscara de oxigênio, pegar a vida nas mãos, jogar pela janela tudo que não tem tanto sentido e deixar só quem importa de verdade.
Num momento em que tá todo mundo limpando gaveta tem bastante gente fazendo um faxinão na vida amorosa também. Nessas horas aqueles solteiros que atiravam pra vários lados e levavam algumas (várias) paqueras ao mesmo tempo, acabam vendo que tão querendo mesmo é fazer um skype com a avó, maratonar uma série ou entrar num houseparty com os amigos. Fazer essa limpa dá a sensação de estar revendo a vida e se permitindo se transformar em meio ao caos. Sabe aquela música "nada será como antes"? Pois é, tem gente que precisa reiniciar o sistema pra sentir que tá mudando alguma coisa.
É um saco pensar que você foi classificado como alguém que não entraria na edição final do tal "filme da vida" do seu paquera, ou que não faz parte da última atualização do software sentimental, mas a verdade é que se ele te encarava assim, mais cedo ou mais tarde o pé na bunda ou o sumiço no silêncio iam vir. Tudo isso só acelerou o processo.
3. EFEITO TATU-BOLA
Nem todo mundo quer colo ou facetimes eternos em épocas de caos. Tem gente que prefere se fechar mesmo e passar pelos momentos difíceis de uma forma mais reclusa. Sabe aquele povo que vai querer ficar mais offline, ler bastante, se distrair com séries bobas no Netflix? Pode ser que seu crush seja assim. E como bons amantes da natureza, precisamos respeitar essa espécie de tatu-bola. Deixa ele… Pode ser que seja só uma fase e que, ao menor sinal de liberação para o convívio social, ele apareça com um "oi, sumida ;)" no seu celular. Achamos que aqui vale encarar ser requentada de peito aberto. Provavelmente os dois estarão com os hormônios à flor da pele e cheios de amor pra dar.
Ser dispensado é sempre um saco, a gente sabe como dói!.Não poder conversar (e até fazer um barraco na DR, por que não?) e nem desabafar com os amigos no bar é ainda mais frustrante. Mas aqui vale lembrar que se isso rolou com você, você não está sozinho. E, olhando pelo lado positivo, se a gente seguir a tendência da China, passada a quarentena vai ter um monte de gente se divorciando e voltando pra pista. Ou seja, você pode se esbaldar na repescagem com um monte de crush recém chegado ao mercado e mais todos os solteiros carentes. (Só de pensar na primeira festa pós-quarentena, talvez um carnaval fora de época, já começa a dar uma ansiedade….)
Se você quer saber como sobreviver à solteirice em tempos de likes para além dos dias de folia, segue a gente no youtube e no instagram. Toda semana a gente entrevista solteiros, especialistas e divide nossos aprendizados e teorias. Segunda e quarta estamos por aqui! Manda histórias, questões, dilemas que a gente transforma em pauta!…
Sobre os autores
Piranhas românticas, André e Carol são experts em solteirice e partidários do afeto mesmo nas relações casuais. Carol está solteira há 6 anos e já não troca a aula de hot yoga por um date mais ou menos. André está solto monogâmico mas já se esbaldou muito na vida de contatinhos. Publicitários e roteiristas, trabalham com comportamento e conteúdo há anos e decidiram se aprofundar no tema que é assunto da manicure à terapia: como se relacionar hoje em dia. Comunicadores, puxam assunto até com o poste e são formados como psicólogos de boteco. Há um ano eles conversam com todo tipo de solteiros e especialistas no soltos s.a. um canal de youtube, instagram e, agora blog, pra explorar as dores e delícias dessa vida solta. Ninguém entende de solteirice como eles: já foram convidados pra falar na Casa TPM, na GNT e no podcasts Mamilos e Sexoterapia (aqui em Universa).
Sobre o blog
Um espaço para trocar estratégias para sobreviver à solteirice e aos relacionamentos em tempos de likes. Quando vale ter uma DR e quando podemos deixar morrer no silêncio? O que significa esse emoji? Assistir stories significa? Experts em solteirice e ótimos psicólogos de boteco, André e Carol compartilham dilemas reais de solteiros e mapeiam possíveis caminhos para não perder a sanidade mental nessa era de contatinhos.