O confinamento tá deixando todo mundo estranhamente tarado?
Soltos S.A.
01/04/2020 04h00
Não é novidade que a quarentena afetou a vida de todos, mas talvez o efeito mais estranho e menos previsto seja que algumas pessoas parecem estar com mais tesão do que o habitual (apesar de todo os caos no mundo exterior). Nas últimas semanas temos recebido inúmeras "reclamações" no inbox do Soltos S.A de mulheres ofendidas com mensagens mais calientes que o normal ou com propostas de videochamadas literalmente quinze minutos depois do match. No Twitter tem um monte de gente que depois de 5 dias de isolamento social já tá ficando excitado até com o bonsai ou tem agarrando a própria bunda pra aplacar os ânimos.
Então, se por acaso você tem se sentido mais excitado que o normal ou tem recebido mensagens com alto teor sexual dos seus crushes, saiba que você não está sozinho e sim, existem explicações psicológicas por trás desse comportamento. Nós fomos pesquisar o tema e levantamos algumas hipóteses pra te ajudar a não se sentir esquisito ou achar que seus crushes tão pirando.
Veja também:
- Aplicativos de encontros e o coronavírus: conversemos, o restante pode esperar
- Manual de sobrevivência da autoestima na quarentena
- Masturbação: o prazer libertador em tempos de coronavírus
NINGUÉM TÁ VENDO
Se antes você quase não tinha tempo livre e toda vez que queria olhar o app tinha que fugir pro banheiro do escritório pra dar uma checada nos apps de paquera, agora que não tem ninguém te controlando e você tá o dia todo com o celular na mão, é claro que você vai gastar parte do seu tempo extra em busca de matches. O Tinder informou que na Itália e na Espanha, houve um aumento de 25% das mensagens enviadas pelo app desde que a crise começou. Afinal de contas tá todo mundo mais carente, sentindo falta do olho-no-olho e mais à vontade pra zapear nos apps a qualquer momento. E com mais tempo dedicado à paquera (mesmo que virtual), é natural que você pense mais "naquilo".
CABEÇA VAZIA, OFICINA DO DIABO
E como não dá pra interagir na vida real, o povo tá se resolvendo sozinho: sites e canais de pornografia registraram aumento de até 50% do consumo nas últimas semanas. Tem até site que se jogou no "altruísmo" e liberou o pacote premium pra ajudar o povo a se aliviar… O mais chocante é que parece que tá rolando um fetichização da pandemia: eu pesquisei coronavirus no Porntube e já existem 1079 vídeos (até o momento que eu estou escrevendo esse artigo). Os enredos são os mais variados, desde gente de luvas e máscaras transando até ficções pornográficas em Wuhan. Poisé, a pornografia sempre revelando os lados mais obscuros da humanidade…
COMO SE NÃO HOUVESSE AMANHÃ
Todas as notícias que pipocam em notificações nos nossos celulares sobre os novos números de vítimas ao redor do mundo nos relembram constantemente sobre o risco da nossa própria morte. É um assunto que fica no pano de fundo de todas as discussões e deixa essa questão mais latente na nossa mente e isso incrivelmente aumenta diretamente nossa libido. Alguns estudos de psicologia descobriram que o medo da morte pode gerar mais desejo sexual como estratégia de enfrentamento. É como se nosso instinto animal falasse: ei, antes de bater as botas, bora espalhar nossos genes por aí! Também emoções fortes como o medo elevam nossas funções vitais desde batimentos cardíacos à produção de hormônios e têm o potencial de nos deixar excitados – um mecanismo chamado de "transferência de excitação". Além disso, não existe nenhuma outra atividade que nos faça sentir mais vivos que o sexo. Então não é de se estranhar que depois de ficar presos por dias ou semanas, nosso corpo sinta saudade da sensação de viver intensamente e nos peça esse sopro de alegria.
O FETICHE DO PROIBIDO
Sabe quando você diz pra uma criança que ela não pode chupar aquela bala porque tem risco de se engasgar e meia hora depois a criança tá com três balas na boca? Parece que tudo que é proibido tem um gostinho especial, vide a queda do consumo de maconha por adolescentes nos lugares que liberam o consumo. Antes da quarentena a gente tava "liberado" pra transar a qualquer momento (apesar de quase nunca isso acontecer na prática rs!) e aí rolava uma sensação de "deixa pra depois". Agora, só porque não pode transar, parece que a vontade aumenta! Eu mesmo, acabei de ficar solteiro e depois de um período de luto finalmente estava pronto pra botar as asinhas pra fora… até que chegou o Corona e tive que cancelar meus planos.
MAS SEGURA A PERIQUITA!
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Por mais que talvez agora você entenda as razões que levam as pessoas (incluindo você) a se sentirem mais excitadas na quarentena, precisamos sempre usar do nosso lado racional pra não ceder aos impulsos e nos arriscarmos por aí. Você pode explorar mais seu corpo e se masturbar, testar novos brinquedinhos ou aproveitar as maravilhas da tecnologia pra manter as interações sexuais (lembra que os sites liberaram os acessos premium!). Tem gente que vai se jogar no sexting (trocas de mensagens com teor sexual), outros vão preferir o sexo virtual usando as câmeras dos celulares. Veja o que mais te anima e se jogue. Já até fizemos um guia de como sobreviver à solteirice em tempos de corona. E quando receber uma mensagem mais quente do crush, ao invés de se ofender, lembre que são tempos estranhos. Respire fundo, finja demência e leve o papo pra outros assuntos do seu interesse. Afinal, a distância social também pode ser boa pra aprofundar os papos e conhecer melhor a outra pessoa.
É importante sempre pensar que a situação atual é temporária. A gente ainda não sabe quanto tempo vai durar, mas se todo mundo colaborar vamos sair dessa mais cedo do que tarde. Segurar nossos desejos e impulsos agora pode salvar vidas, então segura a periquita e #FICAEMCASA!
Sobre os autores
Piranhas românticas, André e Carol são experts em solteirice e partidários do afeto mesmo nas relações casuais. Carol está solteira há 6 anos e já não troca a aula de hot yoga por um date mais ou menos. André está solto monogâmico mas já se esbaldou muito na vida de contatinhos. Publicitários e roteiristas, trabalham com comportamento e conteúdo há anos e decidiram se aprofundar no tema que é assunto da manicure à terapia: como se relacionar hoje em dia. Comunicadores, puxam assunto até com o poste e são formados como psicólogos de boteco. Há um ano eles conversam com todo tipo de solteiros e especialistas no soltos s.a. um canal de youtube, instagram e, agora blog, pra explorar as dores e delícias dessa vida solta. Ninguém entende de solteirice como eles: já foram convidados pra falar na Casa TPM, na GNT e no podcasts Mamilos e Sexoterapia (aqui em Universa).
Sobre o blog
Um espaço para trocar estratégias para sobreviver à solteirice e aos relacionamentos em tempos de likes. Quando vale ter uma DR e quando podemos deixar morrer no silêncio? O que significa esse emoji? Assistir stories significa? Experts em solteirice e ótimos psicólogos de boteco, André e Carol compartilham dilemas reais de solteiros e mapeiam possíveis caminhos para não perder a sanidade mental nessa era de contatinhos.