Topo

Por que eu insisto em quem não me quer?

Soltos S.A.

20/04/2020 04h00

Já reparou que sempre que tem alguém fofo, disponível e interessado a gente logo perde o interesse e quando tem alguém que pisa na gente até dizer chega, a gente fica todo apaixonado? Talvez você esteja pensando nesse momento: é assim mesmo! A diva Marília Mendonça já cantava "preciso dele na minha vida, mas quanto mais eu vou atrás mais ele pisa" (não é a toa que a "sofrência" é filão mais lucrativo da música brasileira). Mas será que a gente gosta mesmo é de sofrer? 

Se for isso então a solução é pedir pro nosso crush fingir desinteresse ou maltratar a gente um pouquinho? Jamais amiga! Bora sair dessa. A boa notícia é: dá pra mudar esse padrão maldito, tipo uma reeducação alimentar. A má notícia é: dá trabalho e leva tempo! Então vamos começar já a escavar dentro da gente pra descobrir porque sempre insistimos em quem não tá tão a fim da gente assim.  

Veja também

O prazer do desafio

Que atire a primeira pedra quem nunca pensou, "acho que tava fácil demais, por isso ele foi embora"… Muita gente (e escorpianos em especial, como o André) sentem um prazer a mais na conquista. Segundo uma pesquisa do Papo de Homem, 50% dos boys afirma que foram ensinados que o homem deve "performar" esse papel do conquistador. Sabe aquela lógica da competição em que o prêmio mais legal da barraca da festa junina é o mais difícil, o que fica lá em cima? Isso faz com que a gente dê mais valor pro que é difícil e conquistar esse prêmio nos faz sentir melhor que os outros. E assim nasce o famigerado joguinho, que todo mundo reclama, mas vive fazendo. Já tá mais que na hora de sair dessa quinta série mental né?

A baixa auto-estima

Tem gente que tem a autoestima (e o autoamor) no pé e simplesmente não se acha merecedor de uma pessoa incrível. Esse é o caso da Carol. Sabe aquele ditado de quando a esmola é muita, o santo desconfia? É algo desse naipe aplicado à paquera. Aí, basta o crush mostrar um menor sinal de interesse e ele automaticamente é rebaixado – afinal de contas se ele está interessado por você, ele "não deve ser assim tão incrível". O resultado é que rola aquele autoboicote básico: inconscientemente você sempre escolhe se envolver com pessoas que não estão afim de você pra reforçar a idéia de que você não vale muita coisa e por isso ninguém se interessa por você. Haja terapia pra sair desse buraco negro!

Romantização do sofrimento

Eu sei que a gente sempre coloca a culpa das nossas neuroses em Hollywood (maldita), mas não é pouco o estrago que os filmes fizeram na nossa cabeça! Pra vender pipoca, tem que rolar muito sofrimento, os protagonistas batalhando pra ficar junto por duas horas e faltando quinze minutos pra acabar o filme, finalmente as coisas se acertam e você vai pra casa feliz. A idéia que fica depositada no fundo da nossa cabeça é que as coisas boas só vem com muito esforço (#NoPainNoGain) e que no final vai dar tudo certo. Na vida amorosa até tem rolado essa parte da "sofrência", mas o final feliz anda em falta.

Tá bom, agora que já entendemos as causas, que tal ativar o modo desconstrução pra sair desse buraco negro?

1. Bora sair da zona de conforto

É difícil a gente admitir, mas o sofrimento pode ser um lugar confortável. Simplesmente porque ele é conhecido. Como Brené Brown diz "quando estamos felizes, é o nosso momento de maior vulnerabilidade, porque temos muito a perder". Então se manter no padrão de escolhas erradas, por mais doloroso que seja, é mais fácil que se jogar de cabeça no que pode dar certo. Começar a aceitar o risco de ser feliz pode ser um ótimo lugar pra começar a sair desse looping. O nome disso é vulnerabilidade. 

2. Nem sempre é recíproco

Também rola aquela idéia de que se rolou borboletas no nosso estômago, isso significa que também rolou pro crush. Quem nunca pensou "mas foi tão forte pra mim, não é possível que ele não tá sentindo a mesma coisa."?  Mais uma ilusão do amor romântico! A verdade é que quando bate pra gente, não necessariamente a outra parte sente a mesma coisa. Depois de alguns perdidos e desculpas esfarrapadas do seu crush, talvez seja melhor assumir que simplesmente não rolou pra ele… Na vida solta é assim: não dá pra ganhar sempre e vida que segue.

3. Se solte da expectativa alheia (ou da sua) 

A gente vive dizendo que quer um relacionamento, um casinho, mas muitas vezes, assim que aparece uma oportunidade, a gente sai correndo. Rola um medo de entrar em uma relação (talvez pelas decepções no passado), mas esse medo também pode esconder que você não quer mesmo namorar tanto assim. Principalmente para mulheres, há uma expectativa social de que a gente deveria querer estabelecer relações mais sólidas a partir de uma certa idade. Só que isso é o que os outros esperam de você e não o que você quer de fato. É difícil a gente se ouvir, mas não tem nada mais libertador que saber o que a gente quer.

4. Só o divã salva 

Muitas vezes a gente entra nessa lógica do "eu vou mudar esse homem ou essa mulher". No fundo, é um desejo de provar que você é diferente dos demais, que você é especial e vai conseguir o que ninguém conseguiu antes. Isso é nosso ego fragilizado, que precisa provar pra si mesmo que tem valor. E aí, a cada vez que você não consegue "mudar esse homem" – até porque ninguém muda o outro – você se sente cada vez menos especial e a autoestima ladeira abaixo! Nesse caso, invista na análise e no autoconhecimento urgente. (Aliás análise sempre!)

5. Vá com calma

E por último, O processo é longo e o caminho é seu. Só você vai saber onde esse bando de idéia maluca ressoa dentro de você. Vá com calma, se dê colo, tá tudo bem. Tem muito mais gente como você por aí do que você imagina. É uma mudança de padrão que vai te levar pra uma vida mais calma e tranquila. Tem coisa melhor que aceitar que você merece sim ser feliz no amor? Que uma pessoa legal pode gostar de você e tá tudo bem? Que na verdade o amor não precisa ser sofrido? Um dia você vai olhar pra trás e perceber que você mudou, mas até lá vá se desconstruindo pouco a pouco.
Se você quer saber como sobreviver à solteirice em tempos de likes para além dos dias de folia, segue a gente no YouTube e no Instagram. Toda semana a gente entrevista solteiros, especialistas e divide nossos aprendizados e teorias. Segunda e quarta estamos por aqui! Mande histórias, questões, dilemas que a gente transforma em pauta!…

Comunicar erro

Comunique à Redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

Por que eu insisto em quem não me quer? - UOL

Obs: Link e título da página são enviados automaticamente ao UOL

Ao prosseguir você concorda com nossa Política de Privacidade

Sobre os autores

Piranhas românticas, André e Carol são experts em solteirice e partidários do afeto mesmo nas relações casuais. Carol está solteira há 6 anos e já não troca a aula de hot yoga por um date mais ou menos. André está solto monogâmico mas já se esbaldou muito na vida de contatinhos. Publicitários e roteiristas, trabalham com comportamento e conteúdo há anos e decidiram se aprofundar no tema que é assunto da manicure à terapia: como se relacionar hoje em dia. Comunicadores, puxam assunto até com o poste e são formados como psicólogos de boteco. Há um ano eles conversam com todo tipo de solteiros e especialistas no soltos s.a. um canal de youtube, instagram e, agora blog, pra explorar as dores e delícias dessa vida solta. Ninguém entende de solteirice como eles: já foram convidados pra falar na Casa TPM, na GNT e no podcasts Mamilos e Sexoterapia (aqui em Universa).

Sobre o blog

Um espaço para trocar estratégias para sobreviver à solteirice e aos relacionamentos em tempos de likes. Quando vale ter uma DR e quando podemos deixar morrer no silêncio? O que significa esse emoji? Assistir stories significa? Experts em solteirice e ótimos psicólogos de boteco, André e Carol compartilham dilemas reais de solteiros e mapeiam possíveis caminhos para não perder a sanidade mental nessa era de contatinhos.