Mandar textão pra ex-crush lixo é melhor que própolis pra imunidade, sabia?
Soltos S.A.
06/05/2020 04h00
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Durante meus ataques de super produtividade na quarentena cheguei ao maravilhoso mundo do lixão 4G. Pois é… não sei como é o telefone de vocês mas o meu…. haja tralha acumulada.. Fiz detox no Instagram (recomendo muitíssimo! Para de seguir agora aquele povo que você achava que te inspirava mas que só te faz sentir menos culto, descolado, fitness…), apaguei um monte de foto velha, deletei todos aqueles apps "super úteis" que a gente nunca e usa e, orgulhosa do meu faxinão, abri um vinho e decidi fazer uma última faxininha: nas conversas do whatsapp. Por que, senhor?!
A CILADA DE RELER AS CONVERSAS DO PASSADO.
Obviamente não me atentei aos grupos de família nem às mensagens spam de promoção de bodies de carnaval. Fui direto reler as conversas com todos os ex-crushes do último ano que pareciam tão promissores e, invariavelmente, se mostraram uns trastes. Depois de alguns anos de solteirice já me auto-intitulo uma solteira cética. Já enrolei muita gente, já fui muito enrolada, e digo que não me surpreendo mais quando as pessoas somem na nuvem de fumaça, quando os dates não passam do terceiro encontro ou quando o discurso é lindo mas as atitudes se mantém no mood sétima série. Parece que a gente vai se acostumando à falta de cuidado e de maturidade e, do alto de nossos saltos altos emocionais, repetimos pra nós mesmas: vida que segue! Mas na verdade, é claro que não sou tão bem-resolvida como gosto de afirmar.
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ALERTA DOR DE GARGANTA
Reler todos aqueles papinhos na sequência já fez minha gastrite atacar automaticamente e, em menos de meia hora, a garganta já tava arranhando e eu querendo gargarejar álcool gel pra evitar a queda da imunidade. Enquanto bebia mais uma generosa taça de vinho pensei: Por que mesmo fiz a "fina, madura, superada, solteira cética" a cada mancada dos crushes ao invés de colocar alguns pingos nos Is?
O MEDO DE FAZER A MARIA LOUCA
Não sei vocês, mas eu sempre tive horror à barraco. Sou daquelas que engole o pé na bunda a seco e chora em casa copiosamente ao som de Adele ou Marília Mendonça. Mas na frente do crush, jamais! Acho que sempre evitei tirar satisfações ou esclarecer maus-entendidos com os tais trastes por que tinha medo de parecer recalque. Ficava na nóia do cara achar que eu tava falando aquelas coisas todas por que ainda queria algo com ele e ele, que já tinha me cortado da vida, ia sair ainda mais dela, agora se sentindo por cima da carne seca.
Mas em meio ao meu faxinão comportamental, me liguei que fazer a linha "fina, madura, superada, solteira cética" não tava ajudando nem a mim – que acabava com os tais sapos entalados na garganta – nem aos caras – que seguiam achando que tava tudo bem serem babacas.
O JOGO VIROU: BABACAS NÃO PASSARÃO!
Decidi selecionar os top trastes do último ano para um acerto de contas com classe. nada de vingança ou revanchismo. Apenas uma boa situada na realidade. Por exemplo, um dos últimos babacas foi um cara com quem fiquei no réveillon. Dois dias depois ele ficou com outra na minha frente – até aí, somos todos solteiros, ok….. Mas chegando em SP me mandou mensagem arrependido, dizendo que queria muito construir algo legal comigo e bla, bla, bla. (E eu tola, acreditei!) Me convidou pra jantar fora e pediu que eu passasse na casa dele pra irmos juntos. Cheguei lá, o cara me recebeu de cueca samba canção, me ofereceu um resto de vinho velho que tava na geladeira, não trocou meia dúzia de palavras comigo e só tirou o olho da TV (que passava Kung Fu Panda) pra tentar forçar a barra pra gente transar. Tá bom pra vocês? Na época eu simplesmente parei de seguir o cara e segui com a minha vida. Agora entendi que ele precisa de um pequeno choque de realidade: não dá pra ser babaca impunemente.
NÃO É O QUE VOCÊ FALA, MAS COMO VOCÊ FALA – MAIS UMA SABEDORIA DA TIA CLEYDE
Pra evitar a tal "Maria Louca" acho que o segredo é a forma como a gente coloca os pingos nos Is. Humor e ironia pra mim são as melhores armas. Acho que os recados funcionam mais quando a gente coloca as coisas com clareza, mas mostra que nosso mundo não caiu por causa deles. Pra mim funciona esperar a poeira baixar um pouco e, mandar uma mensagem de texto bem escrita ou um áudio (não muito longo), bem articulado. Eu saí mandando mensagens até com prints das nossas conversas antigas pra dar broncas didáticas (o bom da mensagem de texto é que você coloca um rs no final e dá aquela amenizada no textão). Enviei coisas do tipo "Na próxima vez que for dar um perdido em alguém não precisa mentir, dizer que sua mãe tava doente e que você ia pro interior mas sair postando stories em balada com prossecco saindo estrelinha – aliás, isso é cafona hein? rs. Pode só jogar a real. Um "não vai rolar" com sinceridade não mata ninguém. Para o tal amante do KungFu Panda mandei "A gente já é grandinho pra você vir com o papo de "quero te apresentar minha mãe, você foi meu presente em 2020″ enquanto na verdade só queria sexo. Hoje o povo transa por que tá com tesão, lindo. Não precisa iludir a mulherada. Joga limpo e confia no seu taco não acha? rs…" Saiu um peso de mim! Foi tão maravilhoso
DESBABAQUIZE UM TRASTE VOCÊ TAMBÉM
Sendo realista e cética, pode ser que os caras recebam minhas mensagens e continuem me achando uma Maria Louca que tá relendo o histórico do Whatsapp de setembro de 2019. Por outro lado, dar um choque de realidade, pode fazer com que esses trastes repensem as atitudes nos próximos dates. Ou seja, não só eu estou desentalando um sapo da minha garganta (e melhorando minha imunidade na quarentena), como tô exercitando a sororidade. Talvez a próxima solta com quem eles cruzarem já não tenha que lidar com tanta falta de respeito e cuidado. Textão pode ser educativo, amores. E é libertador!
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Sobre os autores
Piranhas românticas, André e Carol são experts em solteirice e partidários do afeto mesmo nas relações casuais. Carol está solteira há 6 anos e já não troca a aula de hot yoga por um date mais ou menos. André está solto monogâmico mas já se esbaldou muito na vida de contatinhos. Publicitários e roteiristas, trabalham com comportamento e conteúdo há anos e decidiram se aprofundar no tema que é assunto da manicure à terapia: como se relacionar hoje em dia. Comunicadores, puxam assunto até com o poste e são formados como psicólogos de boteco. Há um ano eles conversam com todo tipo de solteiros e especialistas no soltos s.a. um canal de youtube, instagram e, agora blog, pra explorar as dores e delícias dessa vida solta. Ninguém entende de solteirice como eles: já foram convidados pra falar na Casa TPM, na GNT e no podcasts Mamilos e Sexoterapia (aqui em Universa).
Sobre o blog
Um espaço para trocar estratégias para sobreviver à solteirice e aos relacionamentos em tempos de likes. Quando vale ter uma DR e quando podemos deixar morrer no silêncio? O que significa esse emoji? Assistir stories significa? Experts em solteirice e ótimos psicólogos de boteco, André e Carol compartilham dilemas reais de solteiros e mapeiam possíveis caminhos para não perder a sanidade mental nessa era de contatinhos.