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"Eu sou tão legal mas nunca arranjo ninguém!". Injustiça divina?

Soltos S.A.

01/06/2020 04h00

Unhappy asian pretty young woman siting alone on couch with feeling sadness

Fonte: Freepik

Quem nunca ficou chateado ao pensar que pessoas bacanas e interessantes estão sempre sozinhas, enquanto aqueles com má índole, desequilibrados e até com um gosto duvidoso sempre têm um cobertor de orelha? Essa semana recebemos uma mensagem de uma solta que nos fez pensar sobre essa busca por justiça divina: "Tô tão chateada: sou uma pessoa trabalhadora, honesta, professora, trabalho em uma ONG, sou espírita, estou na umbanda há muitos anos e faço muita caridade pelo outro. E por que os crushes não enxergam isso? Essa bondade em nós?". Difícil né?

Ela realmente parece ser uma pessoa muito boa, mas a questão é: no fundo dessa curiosa mensagem que enumera as boas ações da solta, há uma expectativa de um retorno, um prêmio kármico divino. O amor nesse caso seria uma espécie de presente trazido pelo Papai Noel pelo bom comportamento…. Quem dera as coisas funcionassem assim, mas infelizmente temos que desconstruir esse pensamento, porque ele gera nada além de ressentimento e frustração. 

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Mas eu já paguei todos meus pecados!

Assim como a solta, você também pode estar se esforçando muito para ser uma boa menina e com isso receber a melhor recompensa de todas: um amor verdadeiro. E pra isso você adotou cachorros de rua, distribuiu marmitas para mendigos e ajudou velhinhas a atravessarem a rua. E mesmo assim nada? Como pode? Será que não existe Deus? Calma!!!  A verdade é que os filmes e as histórias que ouvimos sempre, desde A Gata Borralheira até Uma linda mulher, sempre trazem uma personagem coitadinha, de coração muito bom que, apesar de sofrer muito, segue agindo com muita bondade…  Até que nos últimos 15 minutos ela finalmente é recompensada com um presente divino: um boy magia (seja ele um príncipe esquisito ou o Richard Gere). Mas infelizmente essa é a lógica pra vender pipoca, não quer dizer que na vida real as coisas funcionem assim. É claro que talvez você tenha muitos ganhos positivos com todas suas boas ações, mas não necessariamente um crédito kármico que pudesse ser trocar por amor. O amor não é capitalista: amar é fazer sem esperar nada em troca. Ter uma expectativa de um retorno tão direcionado é a receita certa pra frustração e sentimento de descrença. 

Quem disse que a gente gosta de  ser feliz?

O instagram tá cheio de publicidades de coaches de relacionamento dizendo como ser leve e agradável para conseguir atrair os pretendentes. Parece uma ótima idéia, não? Você segue esses passos, se torna um solto atraente e os crushes vem! Eles prometem resultado garantido em 14 dias. Só que a psicanálise vem atrapalhar tudo: segundo a genial psicanalista Maria Homem, o ser humano busca igualmente prazer e desprazer. Sim, também gostamos de sofrer. Algumas vezes escolhemos inconscientemente uma pessoa justamente porque ela vai nos tratar mal e nos remeter, por exemplo, à relação conflituosa que nossos pais tinham. 

Essa escolha obviamente não é racional,  é feita no pré-sal da nossa mente. "Ah, então vou maltratar todo mundo e assim consigo o que eu quero?" Não!!! Por favor não! Tentar performar um personagem malvado não vai convencer ninguém, muito menos te fazer feliz. O importante aqui é a gente deixar de achar que os nossos crushes escolhem as pessoas mais fofas ou divertidas e consequentemente achar que não estamos sendo suficientemente legal pra eles. Acredite, nem sempre as pessoas procuram pessoas leves e bem resolvidas. O ser humano não é fácil de entender mesmo…

Faça por você, BB

Mais interessante que ser legal porque você quer atrair o amor, é ser legal porque você quer atrair o amor próprio! Sandra Techner, pesquisadora da ciência da felicidade (sim, existe uma ciência que estuda o que nos faz feliz), nos contou em uma entrevista que ajudar o próximo é uma das coisas mais efetivas pra gente se sentir feliz e realizado. Então, ao invés de colocar a expectativa de felicidade no crush, porque não investir seu tempo e energia em coisas que vão te fazer feliz? E se vier o mais um pra somar, ótimo. Mas se ele não aparecer, você vai seguir sua vida solta e feliz!

 

Se você quer saber como sobreviver à solteirice em tempos de likes, segue a gente no YouTube e no Instagram. Toda semana a gente entrevista solteiros, especialistas e divide nossos aprendizados e teorias. Mande histórias e dilemas que a gente transforma em pauta!

Sobre os autores

Piranhas românticas, André e Carol são experts em solteirice e partidários do afeto mesmo nas relações casuais. Carol está solteira há 6 anos e já não troca a aula de hot yoga por um date mais ou menos. André está solto monogâmico mas já se esbaldou muito na vida de contatinhos. Publicitários e roteiristas, trabalham com comportamento e conteúdo há anos e decidiram se aprofundar no tema que é assunto da manicure à terapia: como se relacionar hoje em dia. Comunicadores, puxam assunto até com o poste e são formados como psicólogos de boteco. Há um ano eles conversam com todo tipo de solteiros e especialistas no soltos s.a. um canal de youtube, instagram e, agora blog, pra explorar as dores e delícias dessa vida solta. Ninguém entende de solteirice como eles: já foram convidados pra falar na Casa TPM, na GNT e no podcasts Mamilos e Sexoterapia (aqui em Universa).

Sobre o blog

Um espaço para trocar estratégias para sobreviver à solteirice e aos relacionamentos em tempos de likes. Quando vale ter uma DR e quando podemos deixar morrer no silêncio? O que significa esse emoji? Assistir stories significa? Experts em solteirice e ótimos psicólogos de boteco, André e Carol compartilham dilemas reais de solteiros e mapeiam possíveis caminhos para não perder a sanidade mental nessa era de contatinhos.