Soltos http://soltos.blogosfera.uol.com.br Um espaço para trocar estratégias para sobreviver à solteirice e aos relacionamentos em tempos de likes Wed, 09 Sep 2020 07:00:32 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Tá cansado de fazer papel de trouxa? O frescobol pode te salvar! http://soltos.blogosfera.uol.com.br/2020/09/09/ta-cansado-de-fazer-papel-de-trouxa-o-frescobol-pode-te-salvar/ http://soltos.blogosfera.uol.com.br/2020/09/09/ta-cansado-de-fazer-papel-de-trouxa-o-frescobol-pode-te-salvar/#respond Wed, 09 Sep 2020 07:00:32 +0000 http://soltos.blogosfera.uol.com.br/?p=659

Já se sentiu assim? | Fonte: FreePik

Onze em cada dez solteiros morre de medo de fazer o famoso papel de trouxa. Ainda mais em tempos de likes, onde a sensação de “trouxisse” pode vir de indícios digitais como quando nosso crush começa a seguir alguém novo ou de uma mensagem que demora pra ser respondida. Tem um monte de vídeos no Youtube sobre como parar de fazer papel de trouxa e quase todos partem pra essa solução: pare de demonstrar emoções e ser tão disponível, como se isso fosse resolver alguma coisa. Queria dar um passo atrás e tentar entender de onde vem a sensação de trouxisse e já prometo uma saída através do frescobol!

Trouxas: onde vivem? O que comem?
O dicionário define trouxa como “quem é facilmente enganado ou iludido”. Em tempos de área cinzenta, onde a gente não consegue definir nem as relações nem as regras delas, a gente sempre fica tentando ler a linguagem de sinais pra decifrar se o crush tá no mesmo pé que a gente. O trouxa nesse caso é quem está mais a fim que o outro, aquele se iludiu em meio a likes e emojis e não percebeu que o outro não estava tão a fim assim. Nesse momento vem aquela chuva de papel de trouxa e ficamos fazendo origamis ao som de Marília Mendonça. Os americanos até chamam essa pessoa, o nosso querido trouxa, de “looser” (perdedor). E a questão é: se tem alguém perdendo, tem alguém ganhando. Mas, espera: quem não estava tão envolvido ganhou? Ganhou o que?

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O jogo do amor

Sem perceber, a gente insere nas relações amorosas uma lógica de competição, onde há sempre alguém que vence e alguém que perde. E não é à toa, porque desde o maternal a gente aprende a socializar com os nossos futuros crushes brincando de esconde-esconde, jogando vôlei ou queimada (saudades anos 80!) Então, é natural que a gente aprenda  a olhar pras situações e perguntar: em que time eu fiquei dessa vez? E se o amor também é um jogo, como a gente define se a gente ganhou ou perdeu? 

Europa, Ásia e um território à sua escolha

Assim como no jogo de tabuleiro War, a gente tenta aplicar na vida amorosa a ideia de objetivos. Se eu tô a fim de namorar, vou ganhar quando conquistar esse objetivo. Se o coleguinha tá a fim de transar, ele ganha quando conquistar esse objetivo. E no encontro dessas duas pessoas?  O coleguinha “ganha” quando consegue transar e você “perde” porque não conseguiu o seu objetivo de namorar. E mesmo que não tenha rolado a transa, se você é uma pessoa fofa e vulnerável, provavelmente vai se sentir sempre perdendo, simplesmente porque demonstrou mais interesse que o coleguinha. Eu sei que é uma lógica escrota, mas a gente precisa identificar se isso tá rolando e desmontar isso dentro da nossa cabeça, porque senão a nossa autoestima vai sempre pro chão. Bora então olhar pra um outro jogo?  

O frescobol vai salvar tua vida

Tem jogo mais maravilhoso que o frescobol? São duas pessoas batendo uma bola, sem tempo definido, sem pontos e sem ganhador. É só pelo prazer de jogar e quando uma das partes cansar, o jogo acaba e AMBOS saem satisfeitos. É claro que você poderia estar super curtindo e querer jogar mais 20 minutos, mas isso não te faz terminar o jogo com a sensação de frustração. Minha sugestão: bora ser mais frescobol na vida amorosa! Vamos parar de achar que a pessoa que dá o pé na bunda ou não demonstra emoções tá por cima da carniça. Eu, de fato, acho que ganha mais quem vive mais intensamente o que tem pra viver, porque nunca se sabe o dia de amanhã: prefiro me arrepender do que fiz do que ficar me martirizando imaginando como teria sido. 

Tá a fim? Tire isso do seu peito. Não adianta nada ficar se protegendo com medo de fazer o papel de trouxa, ele só existe na sua cabeça. Ele ou ela não estão no mesma que você? Tudo bem, faz parte da vida amorosa e isso não te coloca em uma posição de inferioridade. Assim você já entende e segue pra próxima, mas com a sensação de ter feito a tua parte. Que seja gostoso e divertido enquanto dure nosso bate-bola e quando acabar, vamos tomar um banho de mar que logo aparece outra pessoa querendo jogar mais um pouco 🙂 
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Síndrome da Impostora nas relações: você já se sentiu uma fraude no amor? http://soltos.blogosfera.uol.com.br/2020/09/07/sindrome-da-impostora-nas-relacoes-voce-ja-se-sentiu-uma-fraude-no-amor/ http://soltos.blogosfera.uol.com.br/2020/09/07/sindrome-da-impostora-nas-relacoes-voce-ja-se-sentiu-uma-fraude-no-amor/#respond Mon, 07 Sep 2020 16:13:47 +0000 http://soltos.blogosfera.uol.com.br/?p=640

foto de Sydney Sims (unsplash)

Como se não bastasse as mulheres questionarem seu valor na vida profissional e viver eternamente com o alarme ligado na mais pura sensação “uma hora vão descobrir que eu não sou tudo isso e me trocar por alguém muito mais capacitado, inteligente e articulado”, parece que a angústia da Síndrome da Impostora tem se estendido também para vida amorosa.

A Síndrome da Impostora no amor vem como uma espécie de remake pós-moderno do “ele é muita areia para o meu caminhãozinho”. Agora o medo é ter se vendido como uma BMW do amor e ser flagrada como o tal caminhãozinho 1984 com a lataria já mais gasta do que aparentam as fotos. Nos tempos dos cardápios amorosos oferecidos nos apps de paquera e das vidas editadas no Instagram, é mais do que justificável que a gente esteja se enrolando na nossa própria fantasia. Mas acho interessante pensar como a gente se esquece que os filtros e as frases editadas são usadas tanto por nós como pelos crushes. Ou seja, de alguma forma somos todos impostores. Posto isso, por que será que a gente acha que só a nossa máscara vai cair?

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Bem-vinda ao “solteiros got talent”

No tal atacadão da solteirice, onde a escolha do início da paquera é feita em frações de segundo a partir da análise de 3 fotos suas e uma frase de bio, a sensação é de que estamos em um grande palco de “Solteiros got talent”. O match piscou no seu visor? Relógio na tela! Sinto como se eu tivesse três balões de chat, uma hora e meia de papo presencial num date e dois envios fofos de fotos ou vídeos pra mostrar todo meu talento “mulheril paquerativo”. Caso contrário, o pretendente abrirá outra “Porta da esperança” e me deixará pra sempre presa na “Porta dos Desesperados” das conversas inacabadas. Parece que se inicia uma contagem regressiva imaginária – já visualizo as bailarinas do Faustão apontando para o pulso ao fundo e a música do carnê do baú do Silvio Santos dando o tom urgente e dramático pra coisa (chuva de referência anos 80 né? Eu sou o tal caminhãozinho 1984, amores…).  

Nessa lógica absurda parece que só sermos nós mesmas não é suficiente. A gente fica querendo mostrar nossos melhores predicados e vai se afundando na ilusão de que precisaremos sempre recorrer a algumas armas secretas ou cartas na manga pra impressionar.

As tais cartas na manga 

O mercado de coaches amorosos tem lucrado horrores vendendo armas secretas. O que parece estratégia, pra mim acaba sendo um grande incentivador da tal “Síndrome da Impostora”, pois a sensação é de que o enlace amoroso só aconteceu porque as mulheres aplicaram a técnica da “mensagem por engano” ou seguiram a “regra do triângulo“.  A questão é: e quando acabam as 12 semanas do curso ou as páginas do e-book, como proceder? 

Apesar de ser avessa aos coaches, confesso que tenho minhas próprias cartas na manga. Eu já tô solteira há seis anos e se você também tem um tempo de pista como eu, aposto que também já criou seu “repertório de impacto”. A gente já sabe quais são as cinco histórias de nossa vida que fazem os crushes rirem e acharem a gente divertida e inteligente; qual prato afrodisíaco conquista os sentidos; qual lingerie nos valoriza; quais filmes são boas sugestões pros primeiros domingos no sofá… É claro que cada crush é um crush e nem sempre a história de ter organizado a viagem surpresa dos 90 anos da minha avó vai sensibilizar todos os moços. Mas parte do processo de autoconhecimento é sacar quais são essas nossas melhores versões paquerativas. Em épocas onde passar do terceiro date é luxo, fica confortável e divertido requentar as mesmas frases de impacto. O problema é que às vezes sem nos darmos conta elas se tornam muletas.

Espontaneidade friamente calculada

O digital não só trouxe pra gente a possibilidade escolher quais partes de nossas vidas serão postadas para construir uma persona “intelectual-sensível-amante de plantas-conectada-com-física-quântica-colecionadora-de-louças-charmosas-de-cerâmica” como também nos permitiu brincar de “parar o tempo” pra analisar detalhadamente as palavras da mensagem do crush, stalkear seu feed até abril de 2013 e escolher o melhor banco de Gifs e figurinhas pra requentar um papo com leveza e bom humor. Nesse “Solteiros got talent” acabou o “quem sabe faz ao vivo”. Aqui ganha pontos quem melhor brinca com os timmings e com as referências. 

Todas essas dinâmicas acima funcionam bem no início do flerte. Mas como proceder quando a história começa a engatar?

Intimidade: Deus me livre ou quem me dera?

Eu vivo reclamando que tá difícil passar do tal terceiro date mas a verdade é que dá um medo gigante de ver o que acontece depois que você tem que descer do palco, tirar a maquiagem e seguir a relação no improviso. 

Segundo a terapeuta Moraya DeGeare esse medo pode nos levar a duas posturas sabotadoras:

  1. Excesso de esforço – Rita Hayworth já falava ” Os homens sempre vão para a cama sonhando com Gilda (personagem do filme) e se decepcionam ao acordar ao lado de Rita “. Queremos tanto ser Gildas que por vezes nos esforçamos demais em busca do tal ideal na relação. É aqui que a autocrítica explode e a espontaneidade manda um beijo. Essa sensação de que temos que performar sempre nos deixa tensas, ainda mais inseguras e provavelmente menos interessantes e autênticas. Por que achamos que nossas Ritas internas não são suficientes? Acordar com a Rita, com a Carol e com você pode ser maravilhoso, mas a gente se esquece disso.
  1. Distanciamento social amoroso – Pra evitar o risco de sermos “desmascaradas” muitas de nós acabam optando por não aprofundar nas conversas, nos afetos ou nas expectativas. Isso nos mantém naquelas relações mornas e frustrantes. A gente reclama que os caras não se abrem mas quando estamos imersas na síndrome da impostora, acabamos ocultando particularidades incríveis nossas porque temos medo que tudo seja julgado como inadequado.

Efeito rebote da paixão

A grande incoerência é que muitas vezes quanto mais o interesse sobe, mais a autoestima desce: uma das raízes centrais da Síndrome da Impostora é a insegurança e tenho percebido que ela aumenta na mesma proporção em que aumenta meu interesse pelos caras. Isso também acontece com vocês? Parece que o fato de eu estar apaixonada ou interessada por alguém automaticamente me joga pro tal palco do show de talentos e eu esqueço de toda minha soltura e empoderamento e me pego fazendo macaquices para ser escolhida. A psicóloga e psicanalista Valeska Zanello conta que fomos ensinadas a ter nossa identidade validada pelo olhar do homem. “Aprendemos que nosso atestado de mulherice só vem quando somos escolhidas” comenta Valeska. Por isso o medo gigante de ser eliminada. O pior é que quanto mais impostora a gente se sente mais sabota as relações para confirmar a ideia de que realmente não somos tão boas assim…

Tratamento de choque: Bora descer do palco e do salto?

Pra aplacar a tal Síndrome da Impostora amorosa tenho adotado uma técnica kamikaze e já começo abrindo minhas vulnerabilidades e convidando os crushes a dividirem as deles. Essa inclusive é uma das minhas perguntas na bio do Inner Circle, um app de relacionamento. Já falo assim: “aqui não é RH, se quer me impressionar não me conte suas qualidades, me conte uma vulnerabilidade sua”. Tenho recebido chuvas de mensagens interessantes com histórias não instagramáveis. Isso me deixa mais confortável pra abrir as minhas também.

Se somos todos impostores do amor, por que não já escancarar os truques, descer do palco e se esbaldar no improviso do ao vivo?

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Dá para o amor continuar após a separação? O ex de Megan Fox diz que sim! http://soltos.blogosfera.uol.com.br/2020/09/02/da-para-o-amor-continuar-apos-a-separacao-o-ex-de-megan-fox-diz-que-sim/ http://soltos.blogosfera.uol.com.br/2020/09/02/da-para-o-amor-continuar-apos-a-separacao-o-ex-de-megan-fox-diz-que-sim/#respond Wed, 02 Sep 2020 14:46:08 +0000 http://soltos.blogosfera.uol.com.br/?p=631

Rola desejar que se ex seja feliz sem você? Fonte: UsWeekly

Quem nasceu nos anos 80 com certeza se lembra de Brian Austin Green em ‘Barrados no Baile’. Ele estava sumido há algum tempo, mas voltou pras notícias depois de uma live no Instagram onde comentou sobre a sua relação com a ex-mulher, a atriz Megan Fox. Depois de 15 anos juntos e 3 filhos, eles se separaram no início de 2019. Atualmente, Megan está namorando o rapper Machine Gun Kelly. Ao comentar a relação atual da ex, Brian deu um banho de maturidade, desejando que ela seja feliz ao lado do novo amor e disse que seria muito egoísmo da parte dele querer que a atriz fosse feliz apenas com ele. E eu fiquei pensando sobre a nossa dificuldade de entender esse amor que segue pra além da relação que acaba. 

“Quero que ela seja completamente feliz, por ela, pelas crianças. Isso é super importante. Ninguém quer estar perto de alguém que é infeliz, nada de bom sai disso. Essa é uma situação terrível.”

Nossa, quanta evolução em compreender que quando nosso ex é feliz, é melhor pra todo mundo né? Ainda mais quando isso envolve crianças… Eu (apesar de escorpiano) nunca desejei que meus ex fossem infelizes… mas confesso que nunca desejei tão ativamente a felicidade deles. Porque sejamos sinceros, o nosso último ex é sempre a última pessoa especial que passou pela nossa vida. E o mesmo acontece no coração do nosso ex – até a chegada de um novo amor! E quando ele chega, mesmo que a gente não tenha o menor interesse em voltar com o ex, sentimos uma perda por não sermos mais “a última pessoa especial” da vida dele. Pros melodramáticos de plantão (leiam a última frase com uma trilha de novela mexicana): o lugar na cama que foi nosso agora está sendo ocupado por outra pessoa. 

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Amar é deixar ir

A gente já falou aqui sobre esse incômodo quando nosso ex começa a namorar. Parece que o momento em que você vê o primeiro post dos dois juntos, dá uma gastura. Esse apego é totalmente humano, mas é nessa hora que a gente tem que “deixar ir”. Hoje vejo que isso significa aceitar, dentro da gente, que a outra pessoa nos tirou dessa posição tão especial que a gente ocupava. É hora de passar a nossa coroa pra nova Miss com um sorriso no rosto. Bom, tudo bem se você quiser chorar um pouco, mas sem vilanizar o coleguinha ou a nova Miss. Ele tem direito de ser feliz. Nessa hora vale lembrar que vocês dois já tinham colocado um ponto final na relação mesmo antes dessa nova pessoa aparecer. E o fato do ex estar trilhando um novo amor não reduz a importância da relação que você teve com ele.

 “Se acabou, então que seja. Não é um fracasso. Foi uma relação muito especial e ainda é”

Essa declaração de Brian me deixou pensando sobre como temos dificuldade de reconhecer o amor que continua quando a relação acaba. Não é que a gente ainda seja apaixonado pela pessoa, mas foi uma construção que demorou muito tempo pra ficar pronta e não merece ser implodida agora. Não estou dizendo que temos que ficar presos a esse amor, mas é maravilhoso reconhecer que você cresceu junto com essa pessoa, ser grato aos momentos felizes (e aos difíceis também)  e poder lembrar com carinho que têm coisas que só vocês dois entendem. A gente não precisa matar o amor junto com a relação. Podemos guardar ele em uma caixinha e de vez em quando revisitar não só ele, mas quem a gente era nessa época e nessa relação. Eu amo viajar no tempo dos meus ex-eus, você não?

Broderagem x Sororidade

Outra coisa que me chamou a atenção foi o respeito que o ator teve ao falar do novo namorado da ex: “Até agora, eu não tenho nenhum problema com ele. Eu realmente espero que ele e Megan estejam felizes”. Aqui é o exemplo clássico da broderagem masculina, que muitas vezes protege os homens de situações graves, servindo como um limite de respeito mútuo. Claro que ele pode falar mal do cara no privado, mas pelo menos em público Brian se portou com dignidade. Eu já perdi a conta de quantas vezes ouvi amigas minhas falando mal das atuais dos ex e sempre fico pensando em como essa construção de competição feminina faz mal às mulheres. Não façam isso, você perde muito mais do que ganha, acredite! 

Sei que usei exemplos de concurso de miss aqui pra dar graça, mas a verdade é que a vida amorosa não é um concurso e aprender a deixar ir só libera espaço do nosso coração pra que cheguem novos amores. Bora organizar nossas gavetas emocionais, guardar com amor as antigas relações e aprender a desejar que nossos ex encontrem pessoas que os façam felizes. 

p.s. enquanto escrevo isso, estou fazendo uma nota mental pra fazer o mesmo tá? Não disse que seria fácil, mas é necessário!

 

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Burnout afetivo: por que dá vontade de dar um tempo no amor? http://soltos.blogosfera.uol.com.br/2020/08/31/burnout-afetivo-por-que-da-vontade-de-dar-um-tempo-no-amor/ http://soltos.blogosfera.uol.com.br/2020/08/31/burnout-afetivo-por-que-da-vontade-de-dar-um-tempo-no-amor/#respond Mon, 31 Aug 2020 07:00:03 +0000 http://soltos.blogosfera.uol.com.br/?p=614

fonte: giphy

 

 

 

 

 

 

 

Segundo o Ministério da Saúde, a Síndrome de Burnout é um distúrbio psíquico caracterizado pelo estado de tensão emocional, estresse, exaustão extrema e esgotamento provocados por condições de trabalho desgastantes. Acontece que essas tais condições desgastantes têm rolado também na vida amorosa dos solteiros e, após vivenciarmos os efeitos colaterais do excesso de trabalho, estamos agora sofrendo com a fadiga crônica das relações que nos machucam e não vão pra frente.

Sabe quando você fala: “Não quero mais ficar com ninguém, vou apagar todos esses apps de paquera, cansei das histórias não darem certo, chega de fazer papel de trouxa!”?  Bem-vinda ao time do burn-out afetivo. A verdade é que a gente fica exausta de mandar mensagem e não receber resposta, de entrar na pira de postar stories com indiretas sedutoras e se frustrar com uma visualização silenciosa; de achar que “dessa vez as coisas vão ser diferentes”… E o perigo de chegar nessa exaustão extrema é que tudo começa a machucar muito e qualquer contratempo na vida paquerativa ganha ares de tragédia grega. Sabe criança cansada que chora por qualquer coisa? Quando nosso coração tá cansado ele se comporta exatamente assim.

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Esse cansaço afeta muito nossa saúde mental, porque como a gente tende a supervalorizar o amor e como já estamos com os nervos à flor da pele (ao constatar que a vida amorosa anda totalmente cagada), amplificamos essa bagunça para outros aspectos da nossa vida. É como se o fracasso emocional contaminasse todos os campos da vida e isso gera uma espiral autodestrutiva que nos faz ter certeza de que as coisas só estão assim porque nós somos péssimas e que estaremos fadadas à amargura e à solidão (alô melodrama! Quem nunca?)

E o que tem causado e potencializado esse burnout afetivo? Trouxe aqui algumas constatações dos meus próprios fails amorosos e das muitas histórias que recebemos no inbox do Soltos s.a. e uma receita poderosa pra combater essa estafa crônica sem precisar apelar pra tarja preta.

A ilusão de que depende de nós

Da mesma forma em que vivemos uma era que supervaloriza a produtividade e o excesso de trabalho, nosso inconsciente coletivo (e nossas tias Cleyde intrometidas) nos estimulam a batalhar ao máximo pelo amor. Crescemos aprendendo que existe a tal metade da laranja e que se a gente se esforçar de verdade, uma hora essa pessoa vai aparecer e aí sim seremos felizes. Essa lógica torta nos leva à pira de que se nossa vida amorosa não está encaixada, é porque não estamos fazendo o suficiente por ela. Aí dá-lhe baixar mais aplicativos, requentar antigos casinhos, sair com gente que a gente já sabe que não tem nada a ver, ficar até o último minuto da balada pra ver se algo acontece… Os coaches de relacionamento estão ai ganhando rios de dinheiro vendendo fórmulas para mulheres querendo ser hiperprodutivas na paquera. Fico curiosa pra saber se no pacote de aulas vem uma caixinha de Lexotan. Estamos nos levando ao limite sem perceber e o perigo é que, quanto mais cansadas estamos, menores as chances de curtirmos os encontros ou tomarmos decisões sensatas.

Epidemia de falta de respeito

Infelizmente a falta de rótulos e formalizações nas relações têm servido como desculpa pra muita gente faltar também com o respeito com os coleguinhas. Todo dia a gente recebe um relato de alguém que recebeu um match seguido por uma mensagem grosseira num app; que saiu pra jantar com alguém e a pessoa não tirou a cara do celular; outra estava enrolada com um boy que começou a xavecar a amiga dela por inbox e tem sempre o clássico daqueles que fazem declarações de amor dignas de filme e somem na nuvem de fumaça (esse golpe virou hit na quarentena). Em tempos de Tinder e amores líquidos, estamos todos mais expostos ao risco. Com mais matches virtuais, mais canais de paquera e mais encontros casuais a gente aumenta exponencialmente a probabilidade de termos que lidar com faltas de respeito. Mas quando a gente encara uma sequência dessas pisadas na bola e no nosso coração, fica difícil não ficar com ele inflamado.

Unmatches precoces

Eu ando cansada de não passar no 3o date. Saio com os caras, o papo é bom, o beijo é bom, rola até sugestão de um próximo programinha gostoso para fazermos na semana seguinte e, sem grandes explicações, a história morre. Eles não me bloqueiam, não são grossos… simplesmente não dão continuidade à coisa – o que é até pior, porque quando o cara é babaca você pode ficar irritada por justa causa. Nem perco mais meu tempo pensando no que pode ter acontecido – será que eles conheceram outra pessoa? Voltaram com a ex?  Estão com problemas na família?… não importa muito né? Importa que, mais uma vez, a coisa não passou do trailer. É exaustivo ficar nessa eterna “preliminar emocional” e quanto mais isso rola, mais eu chego armada nos dates como se pensasse “tá bom, esse 1o encontro pode até ser bom, mas como já sei que não vai vingar mesmo… melhor nem me animar”.  É como se um lado nosso já começasse a torcer pra não dar certo pra gente quebrar a cara logo: dói mas a gente sabe como é. 

Expectativas frustradas 

Outra causa bem comum do tal burnout é perceber que a gente entendeu tudo errado. Quantas vezes a gente não começa a sair com alguém e pensa: “acho que agora vai!” E a situação tá tão difícil que o “agora vai” não quer dizer “agora achei o homem da minha vida”, é simplesmente um “agora acho que vou sair um mês direto, planejar o Réveillon, quem sabe…”. É só aquele mini-frio da barriga e uma sensação de que essa pessoa e esse encontro serão diferentes. Mas os dias passam e a gente se dá conta de que a história mais uma vez se repete … mais um sumiço na nuvem de fumaça, mais um “não é você sou eu”. Aqui rola o cansaço dos paqueras e um cansaço de nós mesmas. A gente começa a se sentir ingênua demais por criar expectativas. Eu já chorei algumas vezes me prometendo virar solteira cética pra sempre… (não funciou).

Cadê o frio na barriga que tava aqui ?

Mas nem só de crushes lixos é feito o burnout. tem horas que a exaustão bate exatamente por a gente não sentir mais nada. É tanto desencontro e tanta história morna que uma hora parece que a gente fica anestesiada. Ando meio cansada de não bater. Tô cansada de ir para dates mornos. A pessoa é legal mas não batem aquelas borboletas no estômago, aquela vontade de trocar o Netflix por horas de papo no Zoom. É claro que sei que nem todos os romances são paixão à primeira vista, mas como a gente já viveu encontros intensos, parece que tem um lado nosso que não quer se contentar com menos. Quando rola uma sequência de papos no app e encontros que não fazem a gente lavar-louça sorrindo enquanto pensa na pessoa, dá medo de nunca mais sentir o tal frio na barriga. Nessas horas vem a pira: será que virei aquelas tias amarguradas? (olha o preconceito internalizado aqui, hein, Carol!?)

Receita solta pra curar o Burnout afetivo: descanso e resiliência

Pra curar essa estafa emocional, divido aqui o que tenho tentado aplicar na minha vida, uma espécie de “soro caseiro do coração” com ingredientes simples mas altamente eficazes: descanso e resiliência.

  1. Se permita descansar

Assim como as crianças choronas se tornam anjos sorridentes após uma boa noite de sono e como a gente volta renovado pro trabalho depois de uma semana de férias totalmente offline, a vida paquerativa também melhora exponencialmente se a gente se permite pausar. Os crushes não vão sumir amanhã, o bonde não vai passar pra sempre, essa não será a última oportunidade pra flertar com o Claudio do RH. Se você tá sentindo que tá olhando a vida amorosa com descrença e exaustão, deixa ela descansar um pouco. Joga a libido pra fazer uma hortinha, curtir um banho com velas aromáticas ou passar a tarde de pijama vendo Uma Linda Mulher. Essas pausas fazem um bem danado pra alma e preparam a gente pra voltar pra pista mais disposta, prontas pro tal jogo.

  1. Lembre do Bambu

E por falar em jogo, vale lembrar do Silvio Santos e dos ensinamentos chineses que nos dizem que temos que ser fortes como bambus. Pois é, porque com a chuva e as rajadas de vento, os bambus pendem, vão até o chão, mas passado o baque se reerguem belíssimos. Vamos ter que ser menos carvalhos e mais bambus no amor: provavelmente a gente também vai ter momentos de ir até o chão, chorar, se sentir miserável e sofrer ouvindo Adele, mas com a prática, vamos aprender a nos reerguer cada vez mais rápido. A gente não vai quebrar, prometo! Bora descansar um pouquinho juntas?

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Caio Blat e Maria Ribeiro: o que veio 1o, a traição ou o fim do casamento? http://soltos.blogosfera.uol.com.br/2020/08/26/caio-blat-e-maria-ribeiro-o-que-veio-1o-a-traicao-ou-o-fim-do-casamento/ http://soltos.blogosfera.uol.com.br/2020/08/26/caio-blat-e-maria-ribeiro-o-que-veio-1o-a-traicao-ou-o-fim-do-casamento/#respond Wed, 26 Aug 2020 07:00:18 +0000 http://soltos.blogosfera.uol.com.br/?p=601

Fonte: Instagram

Nunca é fácil terminar uma relação, ainda mais quando envolve traição e filhos. Os atores Maria Ribeiro e Caio Blat ficaram juntos por onze anos e se separaram em 2017, mas só agora chegaram a um acordo e assinaram os papéis. Recentemente, Maria soltou no podcast “É nóia minha” que Caio começou a sair com Luisa Arraes, sua namorada atual, quando eles ainda estavam casados. E antes que comece o movimento de cancelamento do ator (e de Luisa), queria focar em uma fala de Maria sobre a traição, que me chamou a atenção: “Mas tudo bem porque o casamento já estava totalmente cagado, já estava na extensão da extensão”, disse Maria.

Fiquei pensando sobre quantos casamentos e namoros vão indevidamente para prorrogação e tem um final pior que deveriam ter só porque não temos a maturidade e a coragem de admitir que o amor acabou e que é hora de cada um seguir o seu caminho. Comecei a me perguntar quantas vezes usamos a traição (principalmente nós, homens) como uma forma de botar um ponto final na relação meio “sem querer, querendo”.

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Chuva de maturidade 

Não tem nada pior que essa sensação de ser traído, mas que bom que a Maria Ribeiro teve a maturidade de conseguir entender que, em alguns casos, a traição é uma consequência do final do casamento e não o contrário. Isso muda totalmente a visão dos fatos, porque muitas vezes nos apegamos à traição para colocar o outro em uma posição de vilão (e nós, de vítima). Quando Maria reconhece que o casamento estava na “extensão da extensão”, ele confessa que também sabia que eles estavam nos finalmentes. Ambos sabiam que a relação já tinha acabado e nenhum dos dois teve a coragem de começar esse papo. É claro que ela também poderia ter pulado fora, mas tô com ela: o medo do fim é totalmente humano…. #quemnunca? Depois dessa aula de maturidade, comecei a revirar minhas gavetas emocionais pra tentar entender porque temos tanto medo ou preguiça de nos separar.

Antes um final terrível que um terror sem fim 

Eu mesmo já estendi mais que devia uma namoro porque não sabia como terminar: sempre ficava esperando o momento certo, que obviamente nunca chegava. Sempre tinha uma viagem programada, um aniversário ou então aquele combo Natal + Ano Novo que sempre me fazia pensar que “era sacanagem terminar justo agora”. Aí eu empurrava mais um pouquinho com a barriga… E por medo de um final terrível, vamos vivendo um terror sem fim em doses homeopáticas. Eu sempre com um sorriso amarelo, com aquela preocupação no fundo dos meus olhos “será que ele percebeu que eu não tô mais a fim?”. E talvez o outro estivesse fazendo exatamente o mesmo papel, sem conseguir terminar. Ambos vivendo um teatro de quinta achando que assim estavam protegendo o outro do sofrimento. 

O que vai ser dele sem mim?

A verdade é que, por trás desse sentimento de pretensa piedade do outro, existe um enorme narcisismo e uma absoluta certeza que a vida do outro vai ser muito pior sem a gente. Quem disse? Quantos pés-na-bunda não levamos em meio a lágrimas e vinho e hoje, olhando pra trás, quase agradecemos ao fofito? Tem bota que é livramento. E olhando pra trás me vejo como um ridículo mesmo, porque esse medo não durou muito e logo se transformou em raiva ou inveja quando meu ex entrou em um namoro que parecia muito feliz no Instagram dele. Sei que não é legal competir com o ex, mas é humano (inclusive já escrevemos sobre isso aqui). Quanto egocentrismo de sentir pena do outro por estar sem a nossa companhia… E o que acontecia inevitavelmente? De duas uma: ou eu acabava explodindo “do nada”; ou pulava a cerca e descuidava um pouco pra deixar que o destino fizesse seu papel e o outro descobrisse e acabasse comigo. 

Seje menas, queride

Não tenho menor ideia se isso foi o caso do Caio Blat, só estou chamando atenção pra covardia e o narcisismo envolvidos nesse processo de deixar a relação rolar ladeira abaixo por medo de ferir os sentimentos do outro.  A minha relação com os términos mudou quando (depois de anos de análise) comecei a pensar que o outro poderia muito bem viver sem mim e inclusive ser mais feliz do que era comigo. Pra que manter alguém preso a nós e infeliz? Amar é deixar ir. Não tô dizendo que seja fácil, até porque em casos que a separação envolve uma longa divisão de bens, filhos e toda uma demolição de expectativas esse processo tende a ser mais complexo ainda. Mas a minha chamada na chincha aqui é, não vale a pena trair e “dar chance ao acaso”. A traição só aumenta o peso da separação e muitas vezes impede que, depois do período de carência, o casal volte a conviver numa boa. 

Nota mental: não sou tão importante assim e se não tá bom pra mim, provavelmente também não tá bom para o outro. Melhor vencer o medo e jogar o bote salva vidas no mar, do que esperar o navio afundar e nós junto com ele.

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Meu ex começou a namorar e eu não. Por que isso incomoda tanto? http://soltos.blogosfera.uol.com.br/2020/08/24/meu-ex-comecou-a-namorar-e-eu-nao-por-que-isso-incomoda-tanto/ http://soltos.blogosfera.uol.com.br/2020/08/24/meu-ex-comecou-a-namorar-e-eu-nao-por-que-isso-incomoda-tanto/#respond Mon, 24 Aug 2020 07:00:22 +0000 http://soltos.blogosfera.uol.com.br/?p=593

Foto de Zach Kadolph via Unsplash

Quem nunca deu uma mini surtada quando descobriu que o ex tinha começado a namorar outra? Essa semana acordei aflita com meu celular tocando 1h30 da manhã. Meu lado fatalista acha que ligações de madrugada são sempre presságios de tragédias. Em tempos de pandemia então…Caço meu telefone na cama já pensando nos meus tios idosos mas vejo no visor o nome de uma amiga: Bia. Ela se desculpa pelo horário mas diz que está angustiada com um problema mundano, cretino, mas doído: em fatídico último scroll do Instagram antes de dormir,ela havia descoberto que seu ex-namorado estava oficialmente namorando outra pessoa. E ela não conseguia entender por que, com o mundo de cabeça pra baixo como, aquela informação a estava incomodando tanto. 

Ela e o tal ex já estavam separados há dois anos, foi ela quem quis colocar o ponto final na relação e até então estava super bem-resolvida com o término (voltar nem pensar!). Bia vivia na pura oscilação entre autodates delícia e aventuras no maravilhoso atacadão de crushes potenciais dos apps de paquera. Mas bastou saber que o ex tinha mudado o status no Facebook, que todo o seu deliciamento com a própria solteirice foi substituído por um misto de raiva, gastrite e inveja. Você também já se sentiu assim?

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Da ex-fofa para a ex-stalker é um pulo

Fui super solidária com a aflição de Bia porque confesso que eu já fui a ex-louca numa situação semelhante: a relação acabou, foi cada um para seu lado de maneira bem civilizada, cheia das frases clichês à la “torço por você e quero que você seja feliz”. A gente até quer que o ex seja feliz mas parece que ele não pode estar mais feliz do que a gente. É horrível mas assumo que já me peguei pensando “Não quero que a vida dele esteja muito melhor do que a minha. Se puder estar um pouquinho pior… melhor! Assim posso até fazer a “ex-apoiativa” e me colocar à disposição pra ajudar”. Se a pessoa deslancha no trabalho, muda de país, compra uma casa ou começa a namorar… parece que ela está muito mais feliz do que eu só por que está esfregando novidades na minha cara e talvez até esteja bem mais feliz do que quando estava comigo (“nunca tinha visto um sorrisão desses na minha gestão”).

Quando soube que meu ex-namorado estava com outra pessoa, todo meu lado equilibrado e bem-resolvido mandou um beijo e deu espaço para a doida do stalking. É um comportamento horrível mas muito comum e mundano né? Pra tentar desligar a Carol louca que existe em mim fiquei elocubrando as nóias que são gatilhos pra esse incômodo meu, da Bia e talvez de muitas de vocês.

Primeiro a gente compete com o ex: “ele passou de fase e eu não”

Sabe a lógica do Jogo da Vida, onde o objetivo é você chegar ao final do tabuleiro com o carrinho cheio de pininhos de marido e filhos? Parece que quando o ex aparece namorando é como se ele tivesse “passado de fase” no tal jogo e você tivesse ficado pra trás. Isso reflete mais uma vez o estigma de que a solteirice é fracasso social e de que quem está solteiro está pior do que quem está num relacionamento. 

Por mais que no período pós-namoro tenhamos conhecido um monte de gente nova, retomado os estudos de astrologia, viajado pelo sul da Bahia e gozado com um vibrador novo como nunca antes, ainda bate uma sensação de que estamos paradas no mesmo lugar só pelo fato de não termos oficializado uma nova relação. E aí acho que vale prestar atenção. É como se a gente sentisse que a felicidade da solteira vale menos e que muitas vezes é vista como recalque ou sorriso de fachada. Ou seja, a gente pode falar a torto e à direito que a solteirice é maravilhosa e que não tem nada de errado com ela, mas enquanto nos sentirmos perdedoras por dentro porque não colocamos mais um pininho no nosso carrinho, de nada vale o ativismo pró-solteirice.

Segundo a gente compete com a nova relação: “comigo não era assim”

Não bastasse competir com o ex, parece que nesse combo da louca surge também a vontade de comparar a relação que ele tem agora com a que tínhamos com o dito cujo. É aí que o stalking surge como porta de entrada pra neuroses mais pesadas. A minha pira é comparar como meu ex se comporta como namorado nas redes sociais verus como ele era comigo. No nosso namoro ele fazia o discreto, só fotos conceituais, de paisagem… Um post no dia dos namorados e olhe lá. Já com ela é chuva de post com coração, fotos de flagras fofo no apartamento (que tá bem mais arrumadinho do que na minha época) e textão na legenda com declarações… Me dá uma raiva!! Já me pego pensando: O que ela fez que eu não fiz pra já chegar chegando de 1a dama instagrâmica do boy?

Quando os posts são frequentes e a gente tem tempo disponível, essa loucura CSI comparativa é um buraco sem fundo: já me peguei colocando os rótulos de vinho que ele postou tomando com ela no Vivino e ficando doida ao perceber que eram vinhos muito melhores do que os da safra do meu namoro; comparando os destinos das viagens, os presentes trocados… Já quando o cara não posta muito, a neurose também aparece belíssima porque eu me pego pensando: o que eles estão fazendo de tão gostoso que não tão postando foto nas redes sociais? Ou seja, toda a alegria que eu vivia ao ver minhas fotos artísticas semi-sensuais levantando bola para xavecos digitais vai por água abaixo só de pensar que ele tá vivendo o puro romance offline com alguém e eu não.

Terceiro a gente compete com a nova namorada: “tô perdendo pra ela”

Por mais que a gente seja super trabalhada no feminismo e na sororidade, que atire a primeira pedra quem nunca se comparou com a atual do ex. E o perverso é que nosso olhar vai sempre em busca de coisas que consideramos nossas fraquezas e já projetamos serem forças da nova titular do cargo namorada do ex. Pra mim, essa pira da comparação vai bem além do físico: eu me pego olhando a habilidade da mulher em decorar a casa com objetos charmosos, as referências cult de cinema que posta; os lugares para os quais ela viajou e até os títulos dos livros na estante da casa (sim, dou print na foto do Instagram e dou zoom! Me julguem, rs).

Quando a gente está com a autoestima abalada automaticamente a “próxima” vira uma mulher incrível. Começamos a questionar nossa maravilhosidade e nos pegamos odiando uma mulher que nem conhecemos. Orquestradas pela pura competição feminina, colocamos essa mulher na caixinha de inimiga em vez de pensar que ela é uma mulher incrível que vai fazer alguém de quem já gostamos, muito feliz.

Momento lucidez: tem felicidade pra todo mundo!

Se descobrir que o ex tá namorando já incomoda quando estamos num momento pleno de nossa solteirice, receber essa informação quando carentes ou sensíveis (tipo na quarentena!) amplifica as dores e angústias à décima potência e o combo fatalismo e autopiedade vêm a todo vapor no mais puro clichê: “todo mundo vai se arranjar menos eu. Nunca vou encontrar alguém legaaal!” 

Temos todo direito de viver nossa carência e nossas frustrações amorosas mas temos que saber separar o joio do trigo: o namoro do ex não tem nada a ver com o momento ruim de nossa vida amorosa. Ela não pode ficar pior só porque a vida do cara mudou. Quando a gente entra nessa espiral derrotista, tudo vira motivo para vitimismo e a gente acha mais razões pro coração doer do que deveríamos. Eu tenho feito a meditação da abundância do Deepak Chopra desde o começo da pandemia e uma das coisas que esse famoso guru indiano fala é pra gente parar de vibrar nesse senso de escassez. Sei que parece papo “harebô” mas é verdade. Tem felicidade e amor pra todo mundo. Que nossos ex sejam felizes e nós também (com ou sem um novo par! Afinal, a existem muitos motivos pra celebrarmos nossa solteirice né?)

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O amor dele me sufoca! Por que é tão difícil dizer que preciso de espaço? http://soltos.blogosfera.uol.com.br/2020/08/19/o-amor-dele-me-sufoca-por-que-e-tao-dificil-dizer-que-preciso-de-espaco/ http://soltos.blogosfera.uol.com.br/2020/08/19/o-amor-dele-me-sufoca-por-que-e-tao-dificil-dizer-que-preciso-de-espaco/#respond Wed, 19 Aug 2020 07:00:43 +0000 http://soltos.blogosfera.uol.com.br/?p=582 Mulher tenta tomar café e o namorado está atrás tentando chamar atenção

Fonte: freepik

Em um mundo cada vez mais difícil de encontrar o amor, parece que quando o destino nos presenteia com alguém dedicado e carinhoso temos que jogar as mãos pros céus e agradecer, sem reclamar de nada. Mas e quando o afeto é tanto, mas taaanto, que sufoca? A verdade é que “o remédio que cura, também pode matar, como água demais mata a planta”

Foi o que aconteceu com uma solta que escreveu no inbox do Soltos SA. Depois de se separar, reencontrou um crush de 20 anos atrás e logo no primeiro encontro ele a pediu em namoro. Ela, que tinha sido muito a fim dele na juventude, contou que sentia como se fosse “um sonho se tornando realidade”. Reencontro mágico e amor à primeira vista! Mas o sonho dourado não durou muito e ela nos escreveu acordando de um pesadelo. 

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Crush Felícia

O novo namorado da nossa solta era muito afetuoso, mas MUITO MESMO. Dessas pessoas que gostam de ficar grudados 24h: beijam a cada cinco minutos, conchinha a noite toda e até reclamava com ela se ela tomasse banho sozinha, porque ele gostava de tomar banho com ela. Apelidamos ele carinhosamente de Crush Felícia: aquela menina ruivinha que vivia sufocando os animais de tanto amor no desenho Looney Tunes. Pra quem não tem essa referência anos 90, coloco uma cena que ilustra bem o sufocamento que nossa solta sentia:

Ela chegou a se posicionar algumas vezes, com jeitinho, dizendo que precisava do espaço dela… Mas nada de mudanças do namorado. Foi só quando ela explodiu, jogou a M no ventilador e colocou o ponto final na história, que o Crush Felícia disse que ela nunca havia dito com tanta clareza. E eu fiquei me perguntando, como a gente coloca com clareza que precisamos de espaço sem jogar um balde de água fria na relação? E por que isso é lido como uma rejeição?

“Então você não me ama tanto assim…”

Eu mesmo já escutei isso de namorado simplesmente porque disse que preferia ficar sozinho lendo um livro em um domingo à tarde. Existe uma ideia absurda propagada pelo amor romântico de que quanto mais amamos, mais queremos ficar grudados com nosso mozão. Nessa lógica, desejar ter seu espaço ou, como no caso da nossa Solta, tomar banho sozinha, é lido sempre como um sinal de menos amor. E isso está tão internalizado que a gente começa a se culpar por não conseguir “amar tanto quanto a pessoa”. 

“Hoje consigo ver que me submeti a muita coisa por achar que era porque ele me amava muito”

Vale sempre lembrar que culpa não combina com amor porque ela é a porta de entrada pra muitos relacionamentos abusivos, então melhor evitar! Mas eu mesmo já achei muitas vezes que estava procurando pelo em ovo, afinal de contas como alguém pode achar ruim “ser amado demais”?

Não tem jeito certo de amar

A questão é que cada pessoa tem sua forma de amar e, pra estar juntos, uma não pode se sobrepor à outra. Não tem régua pra amor e jamais podemos achar que o nosso jeitão no amor é errado! Gostar de estar junto não significa querer estar junto o tempo todo. A psicanálise já fala que a falta é o que move o desejo, então é bom ter de vez em quando uma distância saudável pra gerar aquela saudade gostosa. E quanto mais essa ideia for normalizada, mais relações saudáveis a gente vai ter. 

Soltos monogâmicos

Nós defendemos que as relações precisam se soltar um pouco (e isso não tem nada a ver com a não-monogamia). Tem a ver com preservar as individualidades: ao em vez de de duas metades da laranja que se fundem em uma amálgama, pensar mais em duas laranjas inteiras que coexistem. Então, pra conseguir ser feliz com alguém ao nosso lado, vamos precisar dar uma atualizada na cabeça e no coração. Amores soltos (monogâmicos ou não) vão ser mais leves de carregar e vão se desgastar menos ao longo do tempo. E você, já se sentiu sufocada de tanto amor?

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Autoviolência: 80% das mulheres já forçaram a barra no sexo para agradar http://soltos.blogosfera.uol.com.br/2020/08/17/autoviolencia-80-das-mulheres-ja-forcaram-a-barra-no-sexo-para-agradar/ http://soltos.blogosfera.uol.com.br/2020/08/17/autoviolencia-80-das-mulheres-ja-forcaram-a-barra-no-sexo-para-agradar/#respond Mon, 17 Aug 2020 07:00:13 +0000 http://soltos.blogosfera.uol.com.br/?p=569

Foto de Anthony Tran via Unsplash

Quantas vezes você já transou com alguém de um jeito que te machucou porque ficou sem jeito de pedir para o outro parar? Ou não estava tão a fim, mas acabou topando porque as coisas já tinham começado e você gostava do cara? Esta semana, durante uma live sobre prazer, recebemos alguns relatos que fizeram eu (Carol) pensar o quanto não estamos nos dando conta de que estamos nos violentando nas relações sexuais.

“Eu saía com um cara que gostava muito e a gente sempre transava numa posição que me machucava, mas ele falava que era a posição que mais dava prazer pra ele. Então, nunca falei nada porque sabia que era assim que ele gostava” nos escreveu uma seguidora. “Sei que faz parte transar com frequência, então transo mesmo sem vontade” confessou outra Solta enquanto defendia a assiduidade da relação sexual como uma forma de tentar “fisgar o homem” e transformar um rolo em namoro. E ainda recebemos um terceiro relato: “tenho medo de falar como eu gosto e ofender os caras”.

Foram tantas histórias similares, que resolvemos fazer uma pesquisa quantitativa. O resultado: 80% da nossa base confessou que já passou por uma transa incômoda e ficou sem graça de pedir para parar. Ou seja, esse desconforto está mais do que presente na vida sexual das mulheres que se relacionam com homens e de alguma forma tem sido normalizado.

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INVALIDANDO O DIREITO DO PRÓPRIO PRAZER

Quando uma mulher fala que tem medo de dizer o que gosta ou não na cama pois tem medo de ofender o parceiro, fica claro que, na cabeça dela, seu direito ao prazer é menor do que o do cara. Em uma sociedade onde o pornô é nossa maior fonte de educação sexual, acabamos reproduzindo a falsa ideia de que os homens são os que sabem tudo de cama e conduzirão a transa, enquanto as mulheres devem ser hábeis o suficiente para topar as propostas.

É como se avisar para o cara que não tá legal fosse significar que você está dizendo que ele não é bom de cama ou que você não é boa de cama, afinal de contas não está encarando a aventura proposta. Tal comportamento é muito preocupante e está normalizado porque muitas de nós, mulheres, ainda estamos presas na necessidade de agradar. Isso é uma autoviolência. Fazer sexo numa posição que machuca a gente pra agradar o outro, é se violentar.

E essa pressão pela performance tende a ser maior ainda nos encontros casuais. Existe uma falsa sensação de que é preciso se provar uma ótima “mulher transante” para segurar o pretendente. Caso contrário, ele irá procurar outras mulheres mais desenvoltas e libidinosas. A esta pressão interna se soma à falta de intimidade com o peguete, que também inibe muitas mulheres de se abrirem em relação ao que gostam ou não na cama. É como se só depois de já termos garantido um laço de afeto, tivéssemos o direito de colocar nossas condições sob os lençóis. Isso não só faz com que topemos transas extremamente incômodas, como também coloca uma pressão gigante no homem: como se ele tivesse que saber sempre quais são as melhores posições. É claro que tem muito homem autocentrado, mas também existe uma série deles que tá querendo jogar junto e adoraria algumas dicas.

Entrevistamos a psicóloga Arielle Sagrillo que especializou seu estudo na masculinidade tóxica, e ela conta que muitas vezes o homem performa uma transa mais agressiva porque quer impressionar e nem sempre está tendo prazer com essa dinâmica. Ela atendeu um rapaz que transava desta forma há meses com uma menina que saía e assim que a mulher tomou coragem pra dizer que preferia algo mais carinhoso, o cara se sentiu libertado e pode dizer que também não gostava daquela pegada mais bruta. Ou seja, não estava bom pra nenhum dos dois, mas se ninguém falar fica difícil ajustar os ponteiros.

SEXO COMO MOEDA DE TROCA PRA RELAÇÃO AFETIVA

“Já topei transar com o cara porque ele era bonzinho e achei que precisava tentar mesmo estando sem vontade” nos escreveu uma outra seguidora. Na história dela não tinha rolado nenhuma química no beijo e nos dates anteriores, mas ela foi estimulada pelas amigas a transar com o cara porque ele parecia ser “um bom partido”. Obviamente a transa foi ruim e ela terminou a noite com um enorme vazio interno e mais angustiada do que em seus momentos sem paquera nenhum.

Histórias como essa e como a que contamos no começo do texto – da mulher que transa sem vontade só para segurar o cara – me fazem pensar o quanto estamos olhando o sexo como um pedágio que devemos pagar para viajar em uma estrada linda de tijolos amarelos rumo a uma conchinha fixa com Netflix. Se o sexo pode ser um espaço de prazer, conexão e conhecimento, por que tantas vezes ele acaba sendo vivenciado como um “mal necessário”?  Isso também é autoviolência.

FAZ PARTE DO PACOTE DA BOA MULHER

A gente cresce ouvindo que os homens são sempre fogosos e a gente tem que “estar lá”,  senão eles vão procurar outra. Parece que aprendemos que esta obrigação conjugal fala mais alto do que nossos desejos e, assim, vamos normalizando situações incômodas porque achamos que elas fazem parte do pacote. Quantas vezes você já não falou que estava cansada ou até dormindo e foi acordada com o cara já roçando em você? E, mesmo sem querer, você acabou transando com aquele pensamento de “ah, homem é assim né? Tava com tesão”… 

E esse pensamento não vem à toa. Na cultura a gente aprendeu que era assim: até 2003, o Código Penal brasileiro tratava como “débito conjugal” a recusa feminina na hora do sexo e motivo para uma separação por justa causa. A lei já faz a gente introjetar a ideia de que só pelo fato de você estar numa relação é obrigada a atender às necessidades sexuais do seu parceiro. Fazer sem vontade pra não frustar o outro é se violentar

TODO MUNDO TEM DIREITO DE MUDAR DE IDEIA

Não é só por que a gente começou querendo, que os caras podem fazer o que quiserem. Em geral quando pensamos na palavra violência, vem o imaginário de algo extremamente agressivo, forçado e não-consensual. Mas a verdade é que a violência pode acontecer em qualquer momento e que seguir num sexo sem vontade ou que está te machucando é violência sim.

Sabe quando você vai pra casa de alguém depois de uma noitada e de repente vê que está muito bêbada e nem tá mais com vontade de transar, mas acaba transando porque já tinha topado ir até lá? Se você não quer mais, é só avisar o coleguinha, chamar o Uber e pronto. Sabe aquelas situações em que a pessoa te segura com força demais e não tá legal ou quando rola aquela bate estaca porque o cara quer chegar aos finalmentes e dane-se você… se não tiver bom e a gente se calar, estamos nos violentando.

Algumas  mulheres nos escreveram dizendo que já transaram mesmo sem querer porque estavam no motel e o cara tinha pagado a conta ou porque tinham sido levadas pra jantar. Mais uma vez: sexo não é moeda de troca. Ninguém tem que transar porque ganhou um jantar, uma viagem ou um presente.

Nós mulheres precisamos entender que temos o direito ao prazer e que nossas vontades na cama são tão importantes quanto às dos nossos parceiros.  E quanto antes a gente parar de se violentar no sexo, maiores as chances de termos encontros prazerosos e verdadeiros, antes de tudo, com nós mesmas.

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Feliz Dia dos Solteiros! 6 razões para comemorar a solteirice neste 15/8 http://soltos.blogosfera.uol.com.br/2020/08/15/feliz-dia-dos-solteiros-6-razoes-comemorar-a-solteirice-nesse-158/ http://soltos.blogosfera.uol.com.br/2020/08/15/feliz-dia-dos-solteiros-6-razoes-comemorar-a-solteirice-nesse-158/#respond Sat, 15 Aug 2020 07:00:06 +0000 http://soltos.blogosfera.uol.com.br/?p=566

fonte: br.freepik

Hoje, 15 de agosto, é o dia do solteiro, e não só pouquíssima gente sabe, como praticamente ninguém comemora. Somos maioria no Brasil – segundo o IBGE 60% dos brasileiros são solteiros (isso sem contar o povo que vai aumentar essa estatística, já que a busca por advogados de separação cresceu 177% durante a pandemia), e ainda assim existe um estigma de que a solteirice é um estado passageiro e que, com sorte, você logo sairá dele e poderá finalmente ser feliz com um companheiro maravilhoso. A partir dessa lógica, já que a solteirice é essa espécie de limbo, de “gripe” da vida afetiva que deve ser superada o quanto antes, não haveria motivos para celebrá-la, certo? ERRADO!! 

Olha a loucura. O tal dia dos solteiros foi criado na China em 1993 e a comemoração era uma série de eventos do tipo “blind dates” pros solteiros conhecerem pretendentes e arrumarem um companheiro. Ou seja, nem no nosso dia podemos estar de boas com a nossa solteirice. Tá na hora de virar esse jogo. No Soltos s.a. nós acreditamos que existem milhões de motivos para brindarmos nossa própria vida, ainda que ela não tenha o tal “mais um”. É preciso desconstruir essa ideia de que solteiro é um ser faltante. Parece que a falta do par amoroso vira uma falta estrutural e, sinceramente, a gente vai passar a vida achando que faltam coisas: falta juntarmos mais dinheiro, falta retomar o curso de astrologia, falta conhecer a Itália… nenhuma dessas faltas nos tornam menos inteiros nem menos dignos de comemorar a vida, certo?

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Trouxemos aqui algumas razões para celebrarmos nossa solteirice. Essa comemoração não só é um ato revolucionário como também é um convite para você fazer as pazes com seu estado civil e curtir seu dia e sua vida como ela é. Aliás, olha a vantagem: você vai poder tomar a garrafa toda de vinho sozinha e comer o que quiser, ouvindo a música que quiser, sem negociar com ninguém! E ainda não vai ter que correr o risco de fingir que gostou de um presente que não tem nada a ver com você ou se endividar em parcelas de um presente caríssimo e ser surpreendida por um pé na bunda bem anterior ao final do parcelamento. É brincadeira, mas é sério! Bora entender por que dá pra comemorar?

  1. LIBERDADE, LIBERDADE ABRE AS ASAS SOBRE NÓS

Perguntamos pros solteiros da nossa base do instagram o que eles mais valorizam em suas vidas soltas e a resposta foi unânime: liberdade e autonomia. Poder decidir o que você quer fazer e se permitir se deliciar com suas próprias escolhas sem ter que negociar ou dar satisfações para ninguém é maravilhoso, não acham? O lance é que ainda rola uma espécie de “culpa cristã” em curtir essa tal liberdade, como se ela fosse sinônimo de uma vida mais egoísta, descompromissada e adolescente. Tá na hora de deixar essa chibata de lado e se jogar no puro deleite de poder fazer as próprias escolhas. Viver nossa liberdade é um compromisso com nós mesmos.

  1. PRIMEIRO EU

Sabe aquela história de tomar as rédeas da própria vida? Quando a gente está solteiro tem mais espaço, tempo e energia pra isso. Poder se dar ao luxo de se perguntar ” o que eu estou com vontade de fazer agora?” e se permitir seguir essas vontades é de um empoderamento incrível. Talvez você não se dê conta, mas poder escolher o sabor da pizza sozinho ou se permitir viajar pra praia na sexta à noite pra dar um mergulho e zerar uma semana difícil vão criando um repertório de referências que vão te ajudar a se sentir capaz de tomar decisões mais sérias ao longo da vida, como mudar de emprego, de cidade e até mesmo escolher alguém pra namorar.

Somos apaixonados pela psicanálise e acreditamos muito que parte desse movimento de se priorizar está relacionado a abrir espaço para mexer nas nossas gavetas do inconsciente, encarar nossos fantasmas, medos e desejos. Quando a gente se permite treinar a escuta de nossos desejos e percebe nossos mecanismos internos de funcionamento, fica mais fácil navegar pela vida e entender quais bagagens são nossas e quais são as do coleguinha.

  1. O PRAZER DE CURTIR A PRÓPRIA COMPANHIA

Principalmente durante a pandemia, muita gente pergunta pros Soltos como os solteiros, coitados, estão aguentando o isolamento. Como se estivesse sendo mais difícil pra gente do que pra quem está casado. Parece que estar sozinho é sempre um grande buraco negro que vai nos sugar para um infinito de melancolia e sofrência. Mas a verdade é que quanto mais a gente se conhece e vai ganhando intimidade com nós mesmos, mais gostoso é curtir um tempo pra si. 

E nesses tempos a gente tem a possibilidade de respeitar e acolher todos os nossos humores e emoções sem ter que tentar camuflá-las para se encaixar na agenda ou nas expectativas de um outro alguém. Vão ter dias de dançar sensuelen de calcinha faxinando o banheiro, dias de querer mudar o mundo, revolucionar a vida e sair trocando os móveis de lugar e dias de acolher o mau-humor ou a TPM e se jogar num sofá com cobertor felpudo e um bom brigadeiro de panela (aquele combo clichê que funciona).

Curtir sua solteirice vai muito além do modo “pegação desenfreada” e entender que você não precisa justificar seu estado civil provando ao mundo que você está sempre eufórico, paquerativo e libidinoso, é libertador. Dias de luta e dias de glória teremos todos, certo?

  1. EM UM RELACIONAMENTO SÉRIO COM AS NOSSAS PAIXÕES

E por falar em libido, vale lembrar que quando estamos solteiros fica bem mais fácil poder mergulhar de cabeça e focar 100% nos nossos sonhos e  planos. 

Essa é uma fase maravilhosa para cultivar paixões – não, não estamos falando de contatinhos. Ao invés de sofrer porque não tá rolando conchinha sexta à noite, por que não curtir esse tempo livre pra fazer aquele curso de filosofia que você sempre quis fazer ou maratonar um documentário de física quântica no Netflix? Ampliar seu repertório, desenvolver novos conhecimentos e aptidões vai deixando sua vida naturalmente mais rica e interessante.

  1. MARAVILHOSOS MUNDOS NOVOS

Quando a gente está solteiro naturalmente tem mais chance de conhecer gente nova – seja nos infinitos aplicativos de paquera, seja nas novas rodas de amigos. Por que não aproveitar essa pluralidade de gente que vai cruzando a nossa vida para se abrir de verdade para o novo? A cada encontro temos a possibilidade de engatar novos papos, descobrir novas referências, ouvir novas trajetórias de vida. Quando a gente “muda a chave” mental, para de querer encontrar logo “a pessoa certa” e começa a entender que dá pra ir se engrandecendo com todo e qualquer encontro, a gente se apropria da riqueza dessa vida mais fluida. 

Na pior das hipóteses você ganha um GIF novo pra usar como xaveco num próximo papo ou transforma uma roubada amorosa em assunto pra dar risada com uma nova turma de amigos.

  1. SOLTEIRO SIM, SOZINHO NUNCA! TEMOS REDES DE AFETO

Talvez a gente não tenha um par romântico, mas nem por isso nossa vida é desprovida de amor. Pode ser piegas, mas é muito válido brindarmos aos amigos, à família e todos aqueles que preenchem nossos dias de pequenos afetos. Isso vale pros contatinhos também. Somos partidários do “casual com afeto” e do “piranhismo romântico”, dois movimentos que defendem que a gente pode se abrir e ser fofo, vulnerável e sensível mesmo nos encontros casuais. Amor não depende de rótulos e quanto mais a gente semeia e valoriza ele em todos os âmbitos da vida, menos a gente fica vulnerável a topar qualquer relação ‘roubada’ só pra fugir de uma sensação de seca emocional.

VAMOS RITUALIZAR JUNTOS?

Acreditamos que datas comemorativas são convites para ritualizarmos encontros e momentos. Fica então um convite para transformarmos o dia de hoje em um ritual de autoamor e autodate em relação à sua própria solteirice. Tire o dia de hoje pra se curtir, fazer um programa gostoso, um almoço caprichado, tomar um banho com incenso e um Caetano Veloso tocando ao fundo. Abrace suas emoções. Mesmo que elas estejam um pouco melancólicas, elas são suas, tá tudo certo (quantos dias dos namorados já não comemoramos mesmo quando as relações estavam passando por momentos delicados?). Brinde sua liberdade, suas possibilidades, sua trajetórias, seus encontros e desencontros. 

E que a vontade de celebrar a vida seja sempre mais forte do que a de celebrar a mudança do estado civil. Feliz dia dos solteiros!!!

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Por que comemorar o Dia dos Solteiros em 15/8 é um ato revolucionário? http://soltos.blogosfera.uol.com.br/2020/08/12/por-que-comemorar-o-dia-dos-solteiros-em-158-e-um-ato-revolucionario/ http://soltos.blogosfera.uol.com.br/2020/08/12/por-que-comemorar-o-dia-dos-solteiros-em-158-e-um-ato-revolucionario/#respond Wed, 12 Aug 2020 07:00:38 +0000 http://soltos.blogosfera.uol.com.br/?p=556

Tá pronta pra festa? / Fonte Freepik: cookie_studio

Em um país que agora comemora dois dias dos namorados por ano (sim, porque além do nosso tradicional em 12 de junho, ainda importaram o Valentine’s day em fevereiro!), não é muito sintomático que pouquíssima gente saiba da existência do Dia dos Solteiros que será comemorado em 15 de agosto? Até fizemos uma pesquisa na nossa base e, mesmo sendo um canal pra solteirxs, 90% dos nossos soltos nunca tinham ouvido falar da data. Alguns vão dizer que isso é uma bobagem, que não temos que gastar tempo e energia comemorando o fato de não estarmos com ninguém. Mas eu digo o contrário: comemorar o Dia dos Solteiros é um ato revolucionário e não tem nada a ver com festejar o egoísmo, e sim a autonomia de escolha e de pensamento.

Então, por que não aproveitar que estamos em um momento do mundo de revisão total, para rever nossa relação com a soltura? Pra além do individual, lidar com a solteirice de forma mais gostosa e saudável pode trazer transformações profundas nas relações como um todo. (Não é à toa que eu e Carol fizemos um canal só pra abordar esse universo). Neste texto vou tentar te convencer que o Dia dos Solteiros não é só mais uma data comercial, mais vou além: quero te convidar a tirar o próximo sábado pra festejar a sua própria companhia. Bora?

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Solteirice não é fracasso social

Infelizmente a gente não cresceu com exemplos de pessoas que estão solteiras e felizes. Parece que quem está solteirx, só está assim porque “não conseguiu arrumar alguém”. E essa pressão não é igual para todos, as mulheres solteiras são muito mais cobradas que os homens. Ou seja, mais um privilégio masculino: o de não ter que justificar a solteirice. Só de parar pra analisar o modo pejorativo como a palavra “solteirona” é usada, dá pra gente sacar o peso que a sociedade atribui aos solteiros. 

Eu vejo diariamente o julgamento sutil que as pessoas (em especial outras mulheres) exercem sobre a Carol (que hoje está com 36 anos e soltíssima). São pequenos gestos disfarçados de carinho e preocupação: “gosto tanto de você, tomara que você arrume um namorado logo!” ou “deu certo com aquele moço lá?”. E se ela responde que as coisas não foram pra frente, logo vem um “ai, que pena, estava torcendo por você!”. Torcendo pra quê? Pra deixar finalmente de ser solteira? Acho que melhor seria torcer pela vida profissional das mulheres, mas do trabalho e ninguém pergunta. “Você pode ser bem-sucedida profissionalmente, ser uma super filha, amiga, reciclar o lixo, ser inteligente, engajada…. Se for tudo isso, mas estiver solteira, ainda será olhada com pena pelos outros, como se tivesse fracassado na vida por não ter um amor”, comenta a psicóloga Ligia Baruch. E por que é importante que a gente reveja isso? Porque essa sensação de fracasso social e de menos valor tem um custo emocional na vida dos solteirxs. 

Metade da laranja não, um grapefruit enorme e inteiro

E se por um lado a solteirice é depreciada, as relações são colocadas na condição de boia de salvação. Desde pequenos, aprendemos através dos desenhos e filmes que somos “metade” e que temos que sair em busca de quem nos complete. O tal do “felizes pra sempre”, a alma gêmea e a metade da laranja. Até o Google reflete essa ideia, já que uma das definições para solteiro no dicionário do site é: “que sente falta, que não tem ou não recebe (algo); carente, falto”. Detesto ser a pessoa que traz más notícias mas, segundo a psicanálise e a filosofia, essa carência não é exclusiva dos solteiros: a falta é estrutural! Nos vendem a ideia de que existe alguém no mundo que vai nos fazer parar de sentir essa carência, mas a dura realidade é que essa pessoa não existe. Você pode estar com alguém e ser muito feliz, ou pode ser muito feliz sozinho, mas em ambos os casos a falta vai continuar lá. Nesse caso, melhor aprender a conviver com ela! 

Você quer alguém ou precisa de alguém?

Esses dois pontos são importantes pra gente saber diferenciar a vontade de estar com alguém, da pressão social pra deixar de estar solteiro. E é aqui que o bicho pega. Quando a solteirice é vista como fracasso social e quando a ideia de estar com alguém é vendida como paz e completude, a gente acaba se enfiando em muitas roubadas – inclusive relações abusivas – só pra não estar sozinho.

Ser um solteiro empoderado não significa que a gente não queira nada com ninguém ou que preferimos a solitude à estar com pessoas. São dois sentimentos que convivem numa boa: “quero encontrar alguém, mas não preciso encontrar alguém porque estamos (eu e minha falta) aqui curtindo as pequenas loucurinhas da vida solta”. E assim as escolhas amorosas vão ser feitas de maneira mais autônoma, porque de fato a gente quer estar com essa pessoa e não porque fomos “incentivados” a pensar que a gente deveria ter alguém ao nosso lado. O efeito disso seriam relações mais saudáveis, porque a gente iria “elevar o sarrafo” e só trocar a solteirice por uma relação se essa pessoa realmente deixasse nossa vida melhor do que já está. 

Por isso é tão importante a gente celebrar a soltura. O empoderamento solto não é sobre achar que estar solteiro é melhor que estar casado (assim como o feminismo não propõe que mulheres sejam superiores aos homens), mas é um movimento de afirmação de igualdade e de reconhecimento que a solteirice é um lugar tão rico quanto as relações (que aliás, diga-se de passagem, de tranquilas nada têm). 

Sábado você tem um date

E agora vem o meu convite, que na verdade é um “autoconvite”: proponho que esse sábado, 15 de agosto, você solteirx se convide pra um autodate. Assim como os namorados se preparam pro 12 de junho, pensam em pequenos agrados e dedicam o dia ao outro, tire esse dia pra você! Peça ou faça aquela comida que você adora, abra um vinho, se jogue em um banho mais longo, veja filmes que te fazem feliz ou fique sem fazer absolutamente nada.
É um dia pra você se conectar e ver a pessoa foda que você é, mas sem esse autoamor idealizado (já escrevemos sobre isso por aqui). Faça um exercício de olhar com carinho e humor pra sua trajetória: desde as tuas conquistas até os perrengues que você passou. Tudo isso te fez ser como você é e pensar como você pensa. Ninguém mais no mundo te vê como você vê. Respeite a sua história, abrace seu caos interno e depois me conta aqui se isso não faz você olhar pra solteirice com outros olhos.

Se você quer saber como sobreviver à solteirice em tempos de likes, segue a gente no YouTube e no Instagram. Toda semana a gente entrevista solteiros, especialistas e divide nossos aprendizados e teorias. Mande histórias e dilemas que a gente transforma em pauta!

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